CONSTRUINDO SENTIDOS SOBRE A DROGADIÇÃO: UM INDISPENSÁVEL ENCONTRO COM A ADOLESCÊNCIA

Denise Vidal, Stéfanni Vargas Silveira, Mariana Soares Teixeira, Marcia de Bastos Braatz, Laís Machado Corrêa, Edna Linhares Garcia

Resumo


A adolescência configura-se como uma fase do ciclo vital, que se constitui em um processo histórico-cultural e psíquico. É um período marcado por inseguranças, buscas e descobertas, um momento de construção de si. Em meio a tantos estímulos, as drogas lícitas ou ilícitas surgem como uma curiosidade, como uma saída de conflitos ou mesmo como chave para agregar-se a algum grupo. Neste sentido a pesquisa Narrativas de adolescentes sobre drogas e os serviços de saúde mental CAPSIA e CAPSAD: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul, busca compreender o espaço que a droga ocupa na constituição subjetiva dos adolescentes. Para tanto, a pesquisa busca a articulação dos serviços de saúde mental do município (Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência e Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas e com o Programa Saúde na Escola. Realiza-se uma entrevista com a equipe diretiva e três encontros, na forma de grupos focais, com adolescentes de 12 a 18 anos de idade, em cada escola definida pelo PSE. Para além das informações acessadas, a pesquisa visa também auxiliar nas dificuldades apresentadas pelas escolas e pelos adolescentes, deste modo, é entendida como uma pesquisa-ação, que se caracteriza por ser uma pesquisa participante, na qual compreende-se que o pesquisador modifica a realidade na qual se insere, buscando superar a separação entre  pesquisador e objeto de pesquisa, promovendo a horizontalidade por meio da escuta e da fala, criando um espaço propulsor de potência e criticidade.  A pesquisa ação também serve como um dispositivo de reconhecimento da adolescência como potência de vida/potência da adolescência, restituindo ao adolescente seu lugar de autenticidade e criticidade. A análise dos dados é feita a partir da perspectiva de Mary Jane Spink, que propõe que a produção de sentidos se dá no encontro com o outro, compreendendo que produzir sentidos é também produzir a si, portanto é no contato com o mundo e com o outro que o adolescente  se constrói. Conhecer os sentidos produzidos pelos adolescentes é conhecer também a produção intersubjetiva de cada sujeito, bem como seus processos de mudança, atravessamentos institucionais, pessoais e sociais. Para isso é necessário compreender os discursos que os adolescentes trazem, buscando legitimar suas narrativas, compreendendo também o seu lugar de fala, pois a partir de sua realidade os adolescentes produzem significados. Deste modo em conjunto com as pesquisadoras os adolescentes podem produzir suas próprias reflexões, construindo novas percepções acerca de sua realidade.


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