MEDICALIZAÇÃO, SAÚDE E ADOECIMENTO DOCENTE

Vitor Henrique Mueller, Jerto Cardoso da Silva

Resumo


O conceito de medicalização é decorrente do ato de medicar em excesso. Em relação aos psicofármacos, esta temática é frequente a partir dos anos 60 e 70. Nesse contexto, problemas sociais passaram a ser cada vez mais medicalizados, ou seja, tomados sob o prisma da medicina científica como “doenças” a serem tratadas de forma iatrogênicas. Portanto, propõe-se uma crítica em relação aos medicamentos para o poder biomédico, procurando destacar um posicionamento mais ativo dos sujeitos na sociedade atual. Ou seja, o termo medicalização do social é relativizado frente à complexidade das sociedades contemporâneas e das formas mais ativas de participação dos pacientes via movimentos sociais e políticas públicas. A partir disso, o presente trabalho será desenvolvido com o objetivo de retratar e problematizar as discussões que vem sendo desenvolvidas em relação a medicalização, a saúde e o sofrimento docente. Visamos averiguar a relação que se estabelece entre a saúde mental e o trabalho docente na educação básica. Diante disso, pretendemos ainda verificar o entrelaçamento dos sentidos construídos sobre o sofrimento e a medicalização e, a partir daí, estabelecer quais são os sentidos produzidos no discurso desses profissionais sobre o uso dos medicamentos psicofarmacológicos. O método utilizado será desenvolvido em duas etapas. Inicialmente, realizaremos a aplicação do Questionário: Inventário sobre Trabalho e Risco de Adoecimento-ITRA, adaptado, e serão feitas questões abertas sobre medicação pessoal dos profissionais docentes. Posteriormente, efetuaremos a análise destes dados. A pesquisa é de cunho quanti-qualitativo e, por esse motivo, a análise das questões fechadas será realizada a partir do software SPSS 18.0 e, para as questões abertas, será feita a avaliação através da Análise de Discurso. Dessa maneira, compreende-se que os dados serão analisados no local onde se evidenciam os entrelaçamentos da língua e ideologia, ou seja, no discurso. Este, por sua vez, é responsável por gerar efeitos no imaginário, produzindo diferentes sentidos através de enunciados variados. É dentro desse dispositivo teórico que pretendemos construir um aparato analítico de interpretação que possibilite compreender regularidades, opacidades e transformações. Partimos, assim, da superfície linguística, das respostas e dos depoimentos dos professores, para chegar ao espaço discursivo, pois, pela análise dessas duas dimensões (linguística e discursiva), que poderemos apontar algumas regularidades e instabilidades do processo discursivo desses docentes. É nesse espaço que pretendemos trabalhar o discurso, isto é, a relação entre língua, sujeito, historicidade, ideologia e inconsciente para, enfim, chegarmos às produções de sentido sobre o adoecimento desses educadores. O presente trabalho não conta com resultados e conclusões, pois ainda está em fase de coleta de dados.

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