ATELIÊ LITERÁRIO: A CRIAÇÃO PELO DEVANEIO

Rosiene Almeida Souza Haetinger

Resumo


Uma disciplina indisciplinada, pois que permite o devaneio: esse é a proposta do Ateliê Literário I, do curso de Pedagogia da Univates (Lajeado/RS). Em sua concepção, propõe a leitura e a fruição da poesia de Manoel de Barros associada à teoria da poética do devaneio do filósofo francês Gaston Bachelard. Tendo em vista que a disciplina é dirigida a alunos do curso de Pedagogia e que o tema por excelência de Manoel de Barros é a infância e suas memórias inventadas, o texto literário é explorado relacionando com o capítulo Os devaneios voltados para a infância, da obra A poética do devaneio, de Bachelard. Nesse sentido, para ser coerente com as concepções poéticas e teóricas, as propostas de aula são compostas de devaneios, sendo estes feitos: oralmente, a partir da leitura e da fruição de poemas de Manoel de Barros; por escrito, tendo como deflagradores alguns elementos da infância dos acadêmicos (brinquedos, fotos, etc), pois esse devaneio é um devaneio que se escreve ou que, pelo menos, se promete escrever (BACHELARD, 2006, p. 6); e de forma ilustrada, a partir do texto teórico de Bachelard. Sendo assim, a disciplina Ateliê literário I permite que o educando explore a imaginação que, na concepção bachelardiana, dá dinamismo às atividades do homem, atividade intelectual e atividade onírica, o homem enquanto pensador, o homem enquanto sonhador (BARBOSA, 1996, p. 17). Nessa perspectiva, o aluno se torna sujeito da sua subjetividade, explorando, ressignificando e, como diz Manoel de Barros e Bachelard, reinventando sua infância, já que o eu que sonha o devaneio descobre-se não poeta, mas eu poetizador (BACHELARD, 2006, p. 22). Além disso, a proposta de devaneio pictórico a partir de um texto teórico ressignifica a ideia rígida de teoria e propõe um novo olhar sobre ela, em que a imaginação e o devaneio estão envolvidos. Assim, proporciona-se aos alunos a articulação da educação com a arte e a literatura como possibilidades de criação e de produção de subjetividades, suscitando uma didática da invenção.


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