EXPERIÊNCIAS E PROPOSTAS EM AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PARA CIRURGIA CARDÍACA

Rayssa Becchi dos Santos, Mariluza Sott Bender, Aine Badch Rosa, Makely Ferreira Rodrigues

Resumo


Introdução: No programa de residência multiprofissional em saúde do Hospital Santa Cruz, uma das atividades desenvolvidas pelo residente da Psicologia é a avaliação psicológica para cirurgia cardíaca. Nesta avaliação existem aspectos psicológicos e psicossociais que são relevantes e necessitam ser questionados, objetivando benefícios no preparo para o procedimento cirúrgico, como alívio dos sintomas ansiosos e melhor adaptação durante a recuperação e após a alta hospitalar. A intervenção cirúrgica possui repercussões físicas, psicológicas e sociais que precisam ser abordadas, já que demandam adaptações e mudanças no estilo de vida, e por isso os pacientes precisam ser sensibilizados para que haja adesão às mudanças ao longo desse processo. Objetivo: Apresentar uma proposta de avaliação psicológica para cirurgia cardíaca. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, baseado nas experiências das residentes da Psicologia da Residência Multiprofissional em Saúde, que realizam esta avaliação psicológica. Resultados e discussão: Nesta proposta, a avaliação ocorre em dois momentos, sendo um antes do procedimento cirúrgico e outro após a intervenção. Não há um tempo pré estabelecido ou roteiro a ser seguido, sendo utilizado como estratégia de avaliação e diagnóstico a entrevista semiestruturada, em que há apenas pontos norteadores a serem questionados devido a sua importância para a avaliação. No primeiro contato com o paciente, torna-se importante compreender como ocorreu o processo de adoecimento, experiência em procedimentos cirúrgicos anteriores, história psiquiátrica pregressa e atual, expectativas implícitas e explícitas frente ao procedimento cirúrgico, significados psicológicos atribuídos à doença, rede de suporte emocional, fantasias e sentimentos relacionados ao adoecimento e diante da intervenção cirúrgica, respostas adaptativas e recursos de enfrentamento em momentos de crise, bem como histórico de adesão a tratamentos e mudanças de hábitos de vida. Nesse momento é importante identificar aspectos que podem ser trabalhados antes da cirurgia, buscando reduzir a ansiedade comum nesse contexto e amenizar o impacto do pós operatório e as limitações intrínsecas. No segundo momento de intervenção psicológica, inicia-se a psicoeducação dos fatores de risco associados às doenças cardiovasculares e o impacto dos fatores psicológicos, visando a sensibilização para mudança de estilos de vida que promovam alterações comportamentais e adoção de hábitos saudáveis, aquisição de respostas mais adaptativas, bem como a instrumentalização psíquica para lidar com as restrições impostas após a cirurgia. Quando necessário, realiza-se encaminhamentos para serviços especializados em saúde mental para acompanhamento durante a recuperação e adaptação do paciente. Considerações finais: A avaliação e o acompanhamento psicológico proporciona benefícios para esses pacientes, como alívio dos sintomas físicos e psíquicos durante a recuperação hospitalar,contribuindo para maior adesão ao tratamento proposto e mudanças no estilo devida. Contudo, percebe-se a necessidade de um protocolo que considere os aspectos psicológicos e psicossociais do paciente, que são fundamentais para arealização do procedimento cirúrgico e o pós-operatório, e que sirva de norteador para a realização da avaliação psicológica.

Palavras-chave: Cirurgia Cardíaca; Saúde Mental; Psicologia.


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