A CONCEPÇÃO DO ACOLHIMENTO PELOS PROFISSIONAIS DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE SANTA CRUZ DO SUL: REFLEXÕES SOBRE O CUIDADO EM SAÚDE MENTAL

Dionize Vanessa Conrad, Gabrielly da Fontoura Winter

Resumo


O presente estudo, realizado como trabalho de conclusão do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, buscou problematizar as percepções e sentidos que os profissionais de saúde dos Centros de Atenção Psicossocial do município de Santa Cruz do Sul têm sobre as práticas de acolhimento dos usuários do serviço. No âmbito da saúde pública o acolhimento surge como uma das importantes diretrizes que norteiam o trabalho da Política Nacional de Humanização, caracterizando-se assim como um dispositivo potente de humanização, e fundamental na contribuição e efetivação do Sistema Único de Saúde. Com isso, o acolhimento, surgiu na elaboração deste trabalho, como uma proposta de extrema relevância para que os profissionais de saúde pudessem refletir e reavaliar as suas práticas de cuidado em saúde mental e sobre os modos de promover saúde no encontro com as pessoas em sofrimento psíquico. A pesquisa de caráter qualitativo foi desenvolvida a partir de entrevistas semiestruturadas com onze profissionais de saúde mental, de diferentes categorias e nível superior, dos seguintes serviços: CAPS II, CAPSIA e CAPS AD III, A análise dos dados foi embasada a partir das práticas discursivas de Mary Jane Spink, as quais remetem por sua vez a produção de sentidos. A discussão de dados pautou-se em três eixos norteadores: as concepções e sentidos que os profissionais de saúde atribuem ao acolhimento, as problematizações acerca do cuidado e assistência aos usuários, e as reflexões acerca do conhecimento que os profissionais possuem sobre a Política Nacional de Humanização. Ao utilizarmos a noção de acolhimento estabelecida dentro da diretriz da Política Nacional de Humanização foi possível vislumbrar que essa prática se estende a todos os momentos de cuidado e encontros dentro dos serviços de saúde, ocorrendo assim em conjunto com as outras diretrizes estabelecidas em tal documento: ambiência, clínica ampliada, gestão participativa e cogestão, valorização do trabalhador e direitos dos usuários. A partir da análise dos dados, foi possível perceber que existe uma preocupação por parte dos profissionais em atender bem os usuários, onde enfatizam a importância da escuta no processo de humanização da assistência. Por outro lado, entende-se que a qualidade do cuidado ofertado aos usuários se constitui num processo de construção e reflexão cotidiana dos serviços de saúde e por isso a necessidade de adotar a humanização enquanto política transversal. Por isso, ressalta-se que mesmo com todos os avanços ocorridos na atenção à saúde mental, a prática de uma assistência integral e humanizada ainda implica num processo de luta política no âmbito da saúde que não se esgota apenas nos movimentos históricos antimanicomiais. Neste sentido, evidenciou-se a necessidade de ampliarmos as discussões sobre a temática do acolhimento no campo da prática em saúde mental, bem como a necessidade de espaços de formação permanente que visem à transformação das práticas e organização dos processos de trabalho, uma vez que as reflexões nessa área devem ser constantes. Palavras-chave: Acolhimento. Centro de Atenção Psicossocial. Política Nacional de Humanização. Saúde Mental. Sistema Único de Saúde.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.