RELATO DE CASO: NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA
Resumo
Introdução: A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) e a necrólise epidérmica tóxica (NET) constituem reações cutâneas graves com uma morbidade e mortalidade elevadas. Clinicamente manifestam-se por um exantema eritematoso disseminado, com lesões em alvo e acometimento centrífugo que evoluem para descolamento epidérmico. Seus principais sintomas são descamação da pele, febre, dores pelo corpo, erupção vermelha plana, bolhas e úlceras nas membranas mucosas. Há acometimento da mucosa oral, ocular, genital e pele. A perda da função de barreira da pele tem fortes implicações na manutenção da homeostasia, o que muitas vezes condiciona o seu internamento em Unidades de Queimados ou Unidades de Cuidados Intensivos. Sua patogênese não é bem definida, podendo ser causada por reações de hipersensibilidade tardia a fármacos, infecção, vacinação e doença de enxerto contra hospedeiro. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de uma paciente com necrólise epidérmica tóxica, internada na Unidade de terapia intensiva do Hospital Santa Cruz. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa, tipo relato de caso. A coleta de dados foi feita através da história de saúde e consulta ao prontuário da paciente. Caso clínico: E.G.S., 73 anos, sexo feminino, residente de Monte Alverne, diabética, internou no Hospital da sua cidade para tratar um quadro de dermatite, posteriormente transferida para o HSC e UTI adulto, apresentando lesões bolhosas descamativas. No hospital anterior, foi tratada com várias medicações, incluindo benzetacil, ceftriaxona, dexametasona creme, gentamicina e metronidazol. A paciente apresentava exsudação intensa, insuficiência renal aguda e hiponatremia. Referia muita dor em cavidade oral, principalmente ao alimentar-se. Discussão: Os fármacos mais frequentemente implicados na NET são o alopurinol, os antibióticos, principalmente os ß-lactâmicos e as sulfamidas, os anti-inflamatórios não esteróides (AINE) e os anticonvulsivantes aromáticos. Quando há relação com fármacos, as manifestações clínicas surgem em média de 7 a 21 dias após o início do tratamento. O diagnóstico é clínico e apoiado pela histologia, cujo principal achado é a necrose dos queratinócitos e a clivagem da junção dermo-epidérmica. O tratamento consiste principalmente em retirar o fármaco causador, realizar hidratação e reposição de eletrólitos, controle de temperatura ambiental, manipulação cuidadosa e asséptica, manutenção do acesso periférico venoso distante das áreas afetadas (nenhuma linha central quando possível), nutrição oral precoce, anticoagulação, prevenção da úlcera de estresse e administração da medicação para o controle da dor e da ansiedade. As lesões de pele são tratadas como queimaduras e as lesões orais são tratadas com corticóide tópico e pode-se, também, lançar mão de anestésico tópico para alívio da sintomatologia. Deve-se ter um cuidado na administração de corticosteróides sistêmicos, pois estes facilitam o aparecimento de complicações infecciosas, mascaram os sinais iniciais de um eventual quadro séptico e atrasam o processo de cicatrização. Considerações finais: O reconhecimento dos sintomas da NET é de extrema importância, de modo a intervir o mais precocemente possível. A suspensão do fármaco envolvido é primordial.
Palavras-chave: Necrólise Epidérmica Tóxica. Hipersensibilidade tardia.
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