CELULITE FACIAL DE ORIGEM ODONTOGÊNICA: UM RELATO DE CASO

Kathleen Sobieray, Edilson Fernando Castelo, Maiara Conrad Daniel

Resumo


Introdução: A condução correta dos casos de celulite facial oriundos de infecção odontogênica, principalmente no terço inferior da face, é objeto de grande atenção na odontologia. Esta patologia se caracteriza como urgência e requer intervenção imediata, com o intuito de evitar comprometimentos sistêmicos, como a obstrução de vias aéreas ou sepse, que podem, até mesmo, levar ao óbito. A necrose pulpar pode evoluir para um abscesso dentário, que consiste na formação de coleção purulenta numa cavidade ao redor de um elemento dentário. A gravidade da infecção, levando esta para além do ápice dentário, está relacionada com a quantidade e a virulência dos patógenos envolvidos, resistência do hospedeiro e estruturas anatômicas associa­das. Clinicamente, o paciente apresenta dor, que pode variar de branda à severa, e edema. Manifestações sistêmicas como febre, prostração, linfoadenopa­tia, cefaleia e náuseas também podem ocorrer. O objetivo deste trabalho é abordar um relato de caso de drenagem de abscesso dentário, incluindo a etapa cirúrgica e medicamentosa. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa, tipo relato de caso. A coleta de dados foi feita através da história de saúde e consulta ao prontuário do paciente. Caso clínico: Paciente A.M., 37 anos, sexo masculino, previamente hígido, jardineiro, morador da cidade de Santa Cruz do Sul, procurou atendimento na UPA relatando dor, calor e edema em lado esquerdo da face, há cerca de 7 dias. Constatado o abscesso, foi realizada a drenagem de uma loja cirúrgica e encaminhado para o Pronto Atendimento do Hospital Santa Cruz, onde foram analisados os sinais vitais (...) e medicado com clindamicina IV. Na avaliação odontológica, ao exame clínico extraoral, observou-se grande aumento de volume em lado esquerdo da face, em região pré-auricular, com loja cirúrgica drenando secreção purulenta e outro ponto de flutuação em região de ângulo madibular. Observou-se que os espaços faciais envolvidos eram o bucal, infratemporal e massetérico. Ao exame intraoral, observou-se várias raízes residuais e elementos dentários cariados como possível foco de infecção. Foi realizada nova incisão em ponto de flutuação, drenagem de secreção purulenta, colocação de drenos, curativo, prescrição de clindamicina 300mg, por via oral, durante 7 dias e liberação do paciente. A secreção foi enviada para análise de cultura e antibiograma. Após 7 dias foram realizadas as extrações dos elementos dentários comprometidos em bloco cirúrgico. Discussão: No presente caso, a drenagem extraoral sob terapêutica medicamentosa foi utilizada. O antibiótico de escolha foi clindamicina por se mostrar mais efetiva em abscessos dentários graves, conforme relatado em diversos estudos. As exodontias foram realizadas obtendo-se a conclusão do caso com sucesso terapêutico comprovado pela ausência de sinais e sintomas de abcesso agudo. Conclusão: O caso demonstra que o abscesso dentário, considerado como um dos problemas de maior dificuldade de resolução em consultório odontológico, requer a intervenção imediata e completa com objetivo de evitar comprometimentos de ordem sistêmica que podem, em alguns casos, levar a morte.


Palavras-chave: Abscesso Periapical Agudo. Drenagem Cirúrgica. Exodontia.


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