REVOLVING DOOR: O FENÔMENO DAS PORTAS GIRATÓRIAS EM HOSPITAL GERAL

Juliana Rohde, Makely Ferreira Rodrigues, Aline Badch Rosa, Valéria Nicolini, Luiza Franco Dias

Resumo


INTRODUÇÃO: A denominação “fenômeno das portas giratórias” surge enquanto tentativa de descrever as reinternações em hospitais psiquiátricos. Com a reforma psiquiátrica, a desinstitucionalização dos pacientes, e a progressiva redução nos leitos psiquiátricos em hospitais gerais, o atendimento a esse público alvo foi destinado prioritariamente à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Devido às falhas - por diversos motivos - do tratamento na rede de cuidados no território, esses pacientes encontram-se repetidamente internados em unidades de pronto atendimento do hospital geral. Tal fenômeno é denominado pela literatura como “revolving door”.METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão bibliográfica sobre o atendimento a pacientes psiquiátricos em hospital geral, buscando refletir acerca do fenômeno revolving doorRESULTADOS: Observa-se que a reforma psiquiátrica foi instituída ainda na precariedade dos mecanismos que deveriam prestar cuidado integral e contínuo aos pacientes psiquiátricos, o que, somado a uma série de outros fatores, contribui para que este cuidado por vezes não seja efetivo e resolutivo. Devido à falha ou abandono do tratamento nos serviços extra-hospitalares, os pacientes acabam por recorrer ao pronto atendimento quando encontram-se em intenso sofrimento psíquico. Em muitos casos, observa-se que a busca por atendimento nas urgências hospitalares torna-se repetida e recorrente, configurando-se o fenômeno revolving door, expressão inglesa para o termo “porta giratória”. Estudiosos que vêm pensando a respeito da temática desde a década de 1960 entendem que isto acontece como reflexo de um cuidado em saúde mental que, na prática, não acontece conforme o planejado nos serviços substitutivos aos manicômios, na RAPS. Esta rede, conforme já referido anteriormente, sofre com precariedades, bem como ainda é relativamente nova na linha do tempo da atenção à saúde mental, justificando a realidade vivenciada.  O paciente revolving door, portanto, é aquele com internações hospitalares recorrentes, porém ainda não existe um consenso entre os autores a respeito da periodicidade dessas readmissões. DISCUSSÃO: Para evitar que se repita o movimento do revolving door é necessário intervir com o paciente psiquiátrico no seu território, na RAPS, mas também no Pronto Atendimento, no sentido de resgatar ou instaurar o contato com a já referida rede. Também é preciso estabelecer contato com a rede de suporte familiar, vinculando-a no cuidado ao paciente. Quanto ao tratamento durante a hospitalização, é importante que as propostas de cuidado façam sentido para o sujeito ao qual se dirige, buscando enfatizar e possibilitar sua co-participação na construção do tratamento e corresponsabilidade por ele. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O acolhimento ao paciente psiquiátrico no hospital geral precisa ser ágil e resolutivo. Devido à rotina das unidades de urgência e emergência, à rotatividade das equipes e usuários, além da demanda excedente, os pacientes frequentemente têm seu tratamento centralizado nas intervenções medicamentosas, em detrimento de outras abordagens possíveis de serem feitas em equipe multiprofissional. Esta abordagem, mais integral e integrada, poderia contribuir no que tange à construção da continuidade do tratamento extra-hospitalar, bem como para a humanização e qualificação da assistência prestada, possivelmente diminuindo a incidência de revolving door.

PALAVRAS-CHAVE: Reinternação Psiquiátrica. Hospital Geral. Portas Giratórias


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