GRUPO COM ADOLESCENTES: CONSTRUINDO ESPAÇOS DE DISCUSSÃO E REFLEXÃO

Mariane Inês Hermany Maffi, Rayssa Becchi dos Santos, Ieda Cristina Morinel, Ana Lucia Agarreberri Correia

Resumo


Introdução: A adolescência é um período repleto de mudanças físicas, psicológicas e sociais, sendo influenciada por aspectos como cultura e classe social, mas também singularizada na constituição de cada indivíduo. Esta fase é compreendida como um momento atravessado por crises, pela busca de uma identidade, por conflitos nas relações sociais, pelo reconhecimento do novo corpo, assim como pela readaptação frente a nova posição ocupada no contexto familiar. Estas mudanças acarretam conflitos e dúvidas e, muitas vezes, os adolescentes não possuem rede de apoio para lhes auxiliar nessa transição. Além disso, esta é uma fase em que ocorre a identificação com os grupos de pares devido às próprias características desse período como necessidade de maior liberdade e autonomia em relação àfamília, quanto aos conflitos semelhantes que são vivenciados neste período. Nesse sentido, o trabalho com grupos passa a ser uma estratégia de intervenção facilitadora no acesso a esse público. Objetivo: Descrever uma possibilidade de intervenção com adolescentes em Estratégias de Saúde da Família, visando a promoção da saúde e prevenção de doenças. Metodologia: Esse estudo traz o relato de experiência de duas residentes multiprofissionais das áreas de Psicologia e Serviço Social na atenção básica. A intervenção foi realizada em uma Estratégia de Saúde da Família de um município do interior do Rio Grande do Sul, com adolescentes na faixa etária de 12 à 17 anos, utilizando como recurso disparador de discussões rodas de conversa, em que as adolescentes poderiam apresentar temas que gostariam de abordar. Buscou-se a construção de um espaço para fornecer informações e orientações, além de estimular a discussão e reflexão sobre temas de interesse comum. Trata-se de um grupo aberto, com frequência semanal e duração de aproximadamente 60 minutos. Dentre os temas sugeridos estavam: conflitos familiares, sexualidade, formas de violência, padrões de beleza, uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, relações de gênero e transtornos mentais. Utilizou-se a dinâmica de grupos, bingo e percurso de obstáculos como recursos para sensibilizar frente ao contato com a temática. Resultados e discussão: constatou-se que o grupo era um meio em que as adolescentes conseguiam acessar informações qualificadas, obter auxílio para questões pessoais através da experiência das demais participantes e refletir sobre formas alternativas para lidar com as próprias problemáticas. Essa estratégia possibilitou a educação sobre práticas preventivas atreladas ao início da atividade sexual, problematizando a noção de responsabilidade associada ao relacionamento sexual. Também contribuiu para o empoderamento das adolescentes, conhecendo seus direitos, desmistificando concepções errôneas e reforçando a importância do autoconhecimento e autocuidado. Os encontros também possibilitaram a sensibilização para as diferentes formas de violência e alguns transtornos mentais, informando sobre a rede de cuidados a ser acionada e às formas de tratamento, respectivamente. Considerações finais: Ressalta-se a importância da modificação na forma do acesso a esse público, considerando características deste momento a fim de ter maior alcance frente os objetivos almejados, bem como tendo como foco a promoção da saúde.

Palavras-chaves: Adolescência; Promoção da Saúde; Educação em Saúde.


Referências


Becker, D. (2017). O que é adolescência. Brasiliense.


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