EFEITO DA MUDANÇA POSTURA SOBRE A PRESSÃO DE BALONETE TRAQUEAL DE PACIENTES CRÍTICOS

Eduarda Chaves Silveira, Nadiéle Carvalheiro Fischer, Alessanda Emmanouilidis, Joana de Lima Goes, Dulciane Nunes Paiva

Resumo


Introdução: A via aérea artificial instituída na ventilação mecânica invasiva (VMI) deve se manter acessível e evitar a fuga aérea através do balonete (cuff) presente na parte distal do tubo orotraqueal (TOT) ou da cânula de traqueostomia. As variações de pressão do cuff podem ocorrer com a mudança postural, sendo assim, se torna necessário a monitorização frequente e periódica, a fim de evitar lesões nocivas à mucosa traqueal do paciente. O repouso no leito pode causar inúmeros malefícios ao paciente crítico e os efeitos deletérios da imobilização são minimizados por técnicas fisioterapêuticas, incluindo o posicionamento no leito. Objetivo: Monitorar a pressão do cuff em diferentes posturas em pacientes em VMI admitidos na unidade de terapia intensiva. Metodologia: Estudo transversal que avaliou pacientes críticos sob VMI em modo controlado a pressão ou volume com TOT de diferentes diâmetros internos, no período de maio a dezembro de 2018. Foram excluídos pacientes com diagnóstico de morte encefálica, instabilidade hemodinâmica, traumatismo cranioencefálico, hipertensão intracraniana, tempo de intubação superior a 48 horas e presença de traqueomalácia. Foram analisados os dados antropométricos e os clínicos anteriormente às 48 horas da intubação traqueal, bem como o nível de consciência por meio da Escala de Glasgow. Para verificação da pressão do balonete traqueal foi utilizado um cuffômetro, sendo considerada a presença de vazamento do balonete traqueal quando a Pcuff se encontrava abaixo de 20cmH2O, corroborada pela detecção de fuga aérea pela ausculta da parede lateral da traqueia. Foi realizada a mudança postural do paciente com elevação da cabeceira do leito a 0°, 45o e 60o e coletados os valores pressóricos do cuff simultaneamente, bem como dos sinais vitais, abrangendo pressão arterial média (PAM), frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) saturação periférica de oxigênio (SpO2). Dados analisados por meio do SPSS (Versão 22.0). Normalidade dos dados avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. Médias comparadas pelo Teste t Student e Teste de Wilcoxon (p<0,05). Resultados: Amostra (n= 8; sendo 4 do sexo masculino) com média de idade de 56,7±18,5 anose índice de massa corporal de 26,3±4,6 Kg/m2. O nível de consciência avaliado pela Escala de Glasgow apresentou média de 10,2±3,9. Houve aumento da SpO2 entre o pré (94,2%) e pós-posicionamento da cabeceira à 0o (96,2%) (p=0,046) e à 60°(de94,2% para 95%) (p= 0,003), bem como diminuição da Pcuff no posicionamento à 45°(24,7cmH2O) (p=0,027) e 60° (24,1cmH2O) (p=0,027). A PAM, FC e FR não apresentaram variações. Discussão: O estudo constatou uma redução significativa da Pcuff quando realizada a mudança da posição corporal mantendo a cabeceira no leito nas angulações de 45o e 60°, em que se evidencia que tal fato pode interferir na vedação correta da traqueia pelo cuff, podendo ocasionar perda do volume ou da pressão imposta pelo ventilador mecânico e prejuízos na troca gasosa. Alguns autores relatam que as mudanças de posicionamento não causam alterações nas variáveis hemodinâmicas, o que vai ao encontro dos nossos achados, que não evidenciou alteração na PAM, FC e na FR com as mudanças posturais. Considerações finais: O aumento da angulação da cabeceira do leito gera aumento da SpO2 e diminuição na Pcuff em pacientes críticos sob VMI, o que indica a necessidade de monitorização acurada da pressão do balonete traqueal pela equipe a fim de minimizar riscos ao paciente crítico.

Palavras-chave: Fisioterapia; Unidade de Terapia Intensiva; Postura


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