O CORPO QUE FALA: A AUTOMEDICAÇÃO DIANTE DOS FENÔMENOS PSICOSSOMÁTICOS

Valéria Nicolini, Vanessa Oliveira, Rochele Mosmann Menezes, Aline Badch Rosa, Makely Ferreira Rodrigues

Resumo


Introdução: O Fenômeno Psicossomático (FPS) representa articulações diversas entre corpo e psiquismo, representações que são expressas externamente através do corpo. Intrigadamente pesquisada, a ligação mente-corpo, coloca em questão um corpo que é atingido diretamente em seus tecidos e das mais variadas formas. No FPS, há alterações orgânicas, dores, lesões que são consequências vindas de processos psíquicos que não foram harmoniosamente elaborados (SANTOS FILHO, 1992). Frente ao desequilíbrio psíquico o corpo reage e busca “falar” aquilo que a mente não conseguiu expressar em palavras. Assim, diante da dor corporal o paciente, muitas vezes, vê como uma “saída” para diminuição de seu sofrimento, a automedicação, sendo esta, definida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como o uso de medicamentos sem a prescrição, orientação e/ou acompanhamento do médico/dentista. MEtodologia: Trata-se de um relato de experiência de cunho qualitativo, onde as vivências de trabalho das profissionais residentes buscam correlacionar-se com a teoria sobre o tema. Como objetivo busca-se refletir o papel do farmacêutico e do psicólogo Residentes de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, diante da automedicação em casos de manifestações psicossomáticas que adentram um Pronto Atendimento de um Hospital Geral de ensino, do interior do Rio Grande do Sul, Brasil. Resultados e discussão: Quando um paciente com queixas e sintomas psicossomáticos adentra o pronto atendimento, este passa por uma consulta/avaliação com o profissional médico. Após serem descartadas hipóteses físicas como causa dos sintomas, o médico solicita atendimento psicológico, podendo o psicólogo solicitar profissionais de outras áreas para auxiliá-lo. Geralmente os fenômenos psicossomáticos que mais adentram o referido serviço de saúde são a histeria de conversão e a hipocondria, ambos os casos em que os pacientes, maioria do sexo feminino, relatam já terem realizado e/ou ainda realizam a automedicação em busca do “alívio” dos sintomas. É neste momento que o profissional farmacêutico pode ser solicitado, tendo ele a oportunidade de orientar e esclarecer dúvidas medicamentosas dos pacientes, visto que estes últimos, geralmente acreditam ser o medicamento uma solução para todos os problemas de saúde e possuem a percepção de que toda doença exige um tratamento farmacológico. Assim, o farmacêutico tem a importante missão de fazer com que o paciente, ali em sofrimento, confie nele para que assim consiga perceber que a automedicação é prejudicial a sua saúde. Põe-se em destaque que o profissional farmacêutico além de detentor de seu saber, coloca-se ao lado da Psicologia, como um profissional humanizado que deve neste momento desenvolver uma escuta ativa e a sensibilidade de buscar compreender a capacidade de entendimento e realidade social do paciente. Ao final do atendimento, sempre que necessário ambas as áreas profissionais orientam e encaminham o paciente para serviços de referências, objetivando dar continuidade da assistência e tratamento. Considerações finais: Conclui-se que cada paciente vivencia os FPS de forma única e singular, tendo ele, o direito de receber um atendimento ético e humanizado. O atendimento multiprofissional entre Psicologia e Farmácia contribui para a diminuição da automedicação em pacientes acometidos por FPS, visto que estes profissionais podem orientar, esclarecer e principalmente fornecer um encaminhamento adequado para a rede primária em saúde.

palavras-chave: Automedicação; Psicossomática; Farmácia; Psicologia.


Referências


BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Consulta Pública no 95, de 19 de novembro de 2001.Disponível em: http://www4.anvisa.gov.br/base/visadoc/CP/CP%5B2735-1-0%5D.PDF>Acesso em: 09 de Ago. 2019.

SANTOS FILHO, Otelo C. Histeria, hipocondria e fenômeno psicossomático. In: MELLO, Júlio de. Psicossomática Hoje. Porto Alegre: Artes médicas, 1992. p.108-112.

SÉRGIO, P. et al. Prevalence of self-medication in Brazil and associated factors. v. 50, n. suppl 2, p. 1–11, 2016.


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