EFEITOS DA ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL SOBRE A FORÇA MUSCULAR DE PACIENTES SUBMETIDOS À CIRURGIA CARDÍACA
Resumo
Introdução: No Brasil, as doenças do aparelho circulatório se constituem um dos maiores problemas de saúde pública. As cirurgias cardíacas (CC) se tornaram essenciais para o aumento da sobrevida e qualidade de vida dos pacientes e por serem de alta complexidade, apresentam complicações que podem aumentar o tempo de internação e ocasionar diminuição da força muscular que, no pós-operatório (PO), pode ser avaliada por meio da diminuição da força de preensão palmar (FPP), podendo indicar fraqueza muscular global. A força do quadríceps também se constitui em importante indicador de força global. A fraqueza ou dificuldade para efetuar a contração muscular no PO pode ser tratada por meio da eletroestimulação funcional (EEF). Objetivo: Avaliar os efeitos da EEF sobre a força muscular em pacientes submetidos à CC. Metodologia: Ensaio clinico randomizado unicego que avaliou 21 pacientes de ambos os sexos (30 e 80 anos), submetidos à CC em hospital de ensino, em Santa Cruz do Sul – RS. Foram incluídos pacientes no PO de revascularização do miocárdio e de troca valvar com estabilidade hemodinâmica e neurológica e excluídos aqueles com lesão nervosa periférica, presença de marca-passo cardíaco, alteração da sensibilidade na região do quadríceps, refratariedade à EEF e que fizeram cirurgia de emergência. Pacientes alocados de forma randômica no grupo controle (GC), que realizou a reabilitação cardíaca convencional (RCC) e no grupo intervenção (GI), que teve a EEF associada à RCC. A força muscular global foi mensurada através do teste de FPP, enquanto a força muscular periférica foi determinada pelo teste de contração isométrica voluntária máxima. A EEF foi aplicada 24 horas após a cirurgia, duas vezes ao dia, por 30 minutos em cada sessão em ambos quadríceps, durante todos os dias da semana. Utilizado o modelo de Equações de Estimações Generalizados (GEE), com distribuição normal, matriz de correlação trabalho não estruturada, para calcular as médias foi utilizada uma matriz de covariância de estimador robusto e quando significativo, foi utilizado o Teste Pós-hoc de Bonferroni. Utilizado o teste de Mann-Whitney para comparar distribuições das variáveis contínuas entre grupos (p<0,05). Resultados: Amostra inicial composta por 23 pacientes, tendo dois deles sido excluídos por se recusarem a participar do estudo. Amostra final de 21 pacientes (sexo masculino, n= 9) (GC: n=12 e GI: n=9). Não houve evidência de aumento da força muscular de quadríceps entre os grupos analisados, assim como, entre os momentos operatórios avaliados. Foi observada redução da FPP do pré-operatório para o POi e para o POt, sem que tenha havido diferença entre o GC e GI. Discussão: O estudo avaliou os efeitos da EEF em pacientes submetidos à CC e evidenciou redução da FPP no PO sem que tenha ocorrido diferença entre os grupos tanto da FPP quanto da força do quadríceps. Pacientes submetidos à CC apresentam redução da FPP que pode ser atribuída à redução aguda da síntese protéica muscular, devido ao estresse gerado no PO, desregulando o metabolismo protéico e levando à perda de força muscular, ressalta-se, entretanto, que tal população apresenta aumento da FPP nos dias subseqüentes a alta hospitalar. Considerações finais: O presente estudo não evidenciou aumento da FPP, que se relaciona com a força muscular global, nem da força muscular do quadríceps em indivíduos submetidos a eletroestimulação funcional.
Palavras-Chave: Força muscular, eletroestimulação, cirurgia cardíaca
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