ADOLESCENTES DA PERIFERIA PRODUZEM TELEJORNALISMO

Emilin Gring Silva, Laura Gomes Silva, Alexandre Davi Borges

Resumo


 

Adolescentes da periferia produzem telejornalismo Assim como refere Maia (2006), o Brasil não é um país pobre e sim desigual. É tentando diminuir essa distância que atua o projeto Vivências Comunitárias realizado pela Pró-reitoria de Extensão e Relações Comunitárias da Universidade de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. O projeto é desenvolvido no Bairro Beckenkamp, uma das comunidades mais carentes do município. Formado por cerca de 800 famílias, o local é o principal reduto de moradias irregulares da região, onde a principal atividade econômica é catação de lixo e a prestação de serviço como safrista.As oficinas de telejornalismo são realizadas semanalmente na comunidade. Durante os encontros, os jovens fotografam, gravam imagens em movimento e fazem entrevistas. A coordenação do projeto é feita pelo professor Alexandre Borges com apoio de uma bolsista e quatro voluntários. O relato exposto abaixo é das atividades ocorridas entre maio de 2010 e agosto de 2011 em que foram produzidas três edições do Jobe. Segundo Peruzzo, “os estudos sobre comunicação e educação tendem a enfocar as relações e as inter-relações entre os dois campos do conhecimento, principalmente a questão de ensino-aprendizagem enquanto mediada por um processo comunicativo”. É neste sentido que se desenvolve o trabalho no Beckenkamp. Os encontros ocorrem semanalmente em que os adolescentes recebem orientações sobre todas as etapas para a realização de um programa jornalístico para televisão. Inicia-se pela reunião de pauta, na sequência a busca pelas fontes, finalizando com produção de texto e edição do material. Durante a produção da primeira edição foi passado para o grupo noções de escrita e perguntas básicas para que eles possam produzir um jornal com o jeito deles. O objetivo está sendo alcançado, pois após o piloto, os pequenos aprendizes apresentaram planos. Eles ficaram mais seguros para gravar matérias, escrever textos e tirar fotografias. As atividades são desenvolvidas em grupo com orientação de bolsistas. O Jobe foi destaque no programa Ver TV da TV Brasil em setembro de 2010, por ser considerado pioneiro no que diz respeito à produção de telejornalismo em comunidades carentes. Além de auxiliar nas técnicas de redação, o Jobe possibilita que os adolescentes conheçam a realidade do bairro. Dessa maneira, eles passam a valorizar o ambiente que, apesar de precário, possui aspectos positivos. O projeto ainda desperta o interesse dos jovens para a busca de informações. Por meio de observações empíricas ao longo do projeto, nota-se que os participantes se motivaram a assistir telejornais, prática que não era comum entre eles. Para os bolsistas, o projeto proporciona conhecer in loco a desigualdade social do município. Apesar de essas informações serem difundidas pelos meios de comunicação, a convivência na comunidade possibilita uma visão diferenciada da realidade, onde os preconceitos são deixados de lado. Quando o assunto são comunidades carentes não se pode generalizar. Há muita pobreza e criminalidade no Beckenkamp, mas, a maioria dos moradores são pessoas de boa índole e que trabalham para ter uma vida melhor. Tal conclusão vai ao encontro do que diz Paulo Freire (1992) ao afirmar que ação extensionista promove a educação em via dupla. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. MAIA, Agostinho. Comunicação Comunitária: a simplicidade da vida, p.69-70. In__ Comunicação e Comunidade.

 


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