INFLUÊNCIA DO GENÓTIPO DO VÍRUS C EM RELAÇÃO AO GRAU DE FIBROSE HEPÁTICA EM PACIENTES COM HEPATITE C CRÔNICA

Indiara da Silva Viegas, Bruna Farias, Andréia Santos, Natália Xavier, Yasmim Antonini, Elza Cunha, Gabriele Ghisleni

Resumo


Introdução: A hepatite C Crônica é um grave problema de saúde pública que afeta mais de 170 milhões de pessoas em todo o mundo. Cada vez mais tem se estudado fatores relacionados ao vírus e ao indivíduo doente, que possam estar relacionados com a evolução da doença. A hepatite C crônica (HCV) tem grande impacto frente à evolução para cirrose e carcinoma hepatocelular. É relevante avaliar o prognóstico dos pacientes frente à fibrose hepática, visto que existem terapias que são capazes de interromper tal processo quando detectado precocemente. Dessa forma, foi realizado um estudo que buscou avaliar o uso do escore APRI (platelet ratio index), em substituição à biópsia hepática para a indicação e acompanhamento durante o tratamento do HCV. Objetivo: Avaliar influência do genótico, em relação à fibrose hepática, quando comparado apri e biópsia hepática. Método: Foram avaliados 93 pacientes com hepatite C crônica, em tratamento no ambulatório de gastroenterologia da UFPel, aos quais foi aplicado um questionário sócio-demografico, avaliadas variáveis laboratoriais, e o grau de fibrose pelo sistema metavir. Foi avaliada a correlação do grau de fibrose com o APRI, avaliando a influência do genótipo nesta relação. Resultados: A média de idade dos pacientes foi de 54,2 (±11,2) anos, 53 (56,4%) eram do sexo masculino, 50 (53,2%) casados, 80 (85,1%) brancos, 71(75,5%) estavam realizando o primeiro tratamento para hepatite C, 56 (59,6%) apresentavam o genótipo 1 e 28 (29,8%) apresentavam fibrose avançada F3-F4, conforme sistema METAVIR. Sobre a relação do APRI com a biópsia hepática, a análise de curva Roc mostrou uma AUC (área sobre a curva) de 0,72, com ponto de corte de 1,3 (sensibilidade 71,43% e especificidade 66,5%). A relação do APRI com a biópsia hepática foi avaliada em relação ao genótipo do vírus da hepatite C, apresentando para o genótipo 1 (N=38) uma AUC de 0,78, com ponto de corte de 1,2 (sensibilidade 81,25% e especificidade 63,64%); e para o genótipo 2-3 (N=55), uma AUC de 0,66%, com ponto de coorte 1,3 (sensibilidade 66,67% e especificidade 67,44%). Os resultados mostram que, utilizando os pontos de corte recomendados, aproximadamente 72% dos pacientes são corretamente classificados com fibrose, enquanto o genótipo não parece ter influenciado na classificação variando de 66- 78%. Considerações finais: Demonstramos em nosso estudo que a relação APRI/biópsia hepática são possíveis marcadores para detecção de fibrose hepática na maior parte dos pacientes, não apresentando influência do tipo de genótipo do vírus. Estudos mostram resultados similares com um potencial de 67-85% do uso do APRI, como marcador de detecção de fibrose hepática. Estes dados sugerem o APRI como uma alternativa viável dedetecção para o grau de fibrose com uma boa acurácia. Entretanto, um aumento no número de pacientes se faz importante para confirmar ou mesmo aumentar esta relação bem como relatar a influência do genótipo.

Palavras-chave: Vírus da Hepatite C; Fibrose Hepática; APRI; Classificação Metavir.


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