INFLUÊNCIA DE FATORES SÓCIO-DEMOGRÁFICOS EM MEDIDAS LABORATORIAIS DURANTE O TRATAMENTO DO PACIENTE PORTADOR DE HEPATITE C CRÔNICA

Andréia Santos, Bruna Farias, Indiara da Silva Viegas, Natália Xavier, Yasmim Antonini, Elza Cunha, Gabriele Ghisleni

Resumo


Introdução: A hepatite C Crônica é um grave problema de saúde pública que afeta mais de 170 milhões de pessoas em todo o mundo. Cada vez mais se estudam fatores relacionados ao vírus e ao indivíduo doente que possam estar relacionados com a evolução da doença e ao seu tratamento. Objetivo: Avaliar a influência das variáveis sócio-demográficas em relação às variáveis laboratoriais, durante o tratamento da hepatite C crônica. Método: O estudo é uma coorte composta por 136 pacientes com hepatite C crônica em tratamento no ambulatório de Gastroenterologia da UFPel. Os pacientes foram acompanhados no pré, 4ª e 12ª semana de tratamento com interferon peguilado e ribavirina. Foi aplicado um questionário para avaliação de dados sócio-demográficos. Variáveis laboratoriais foram avaliadas a partir de prontuário. Os dados foram analisados no programa STATA e avaliados através de frequências simples e regressão linear. Todos os indivíduos aceitaram participar do estudo e assinaram termo de consentimento livre e esclarecido. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 53±11,7 anos, 78 (57,4%) eram do sexo masculino, 82 (60,3%) casados, 119 (87,5%) brancos, com 10±5,2 anos de estudo. Os valores de hemoglobina no pré, 4ª e 12ª semana de tratamento foram respectivamente, 14,3±1,7, 12±1,8 e 11,5±1,6; leucócitos 6.805,6±6.574,3, 3.827,6±1.650,3 e 3.541±2.056; e plaquetas 175.168,06±60.846,7, 138.612,06±59.356,6 e 127.279,1±56.333,6; carga viral 2.663.105,8±5.268.418,4, 75.479,4±436.246,3 e 63.654,8±344.062. Foi visto que o sexo masculino teve maior queda da hemoglobina durante o tratamento comparado ao sexo feminino [R2:1,20, (IC: 0,76–1,64); p= 0,001]; houve uma redução nos valores da hemoglobina de acordo com a idade avançada [R2:-0,02, (IC: -0,04 - -0,00); p=0,012]; e pacientes não caucasianos tiveram menor queda da hemoglobina [R2:-0,84, (IC:-1.47 - -0,22); p=0,008]. A avaliação das plaquetas mostrou uma redução na queda dos valores em homens, comparado aos valores nas mulheres [R2:-40034,91, (IC: -57763,77 - -22306,05); p= 0,001], e pacientes com idade avançada tiveram uma menor diminuição das plaquetas comparada aos pacientes mais jovens [R2:-1037,33, (IC:-1791,23 - -283,43); p=0,007]. Por fim, ao avaliar a influencia das variáveis sexo, idade, estado civil, etnia e anos de escolaridade em relação à carga viral não foi achado significância estatística. Considerações Finais: As características sócio-demográficas que sugerem influenciar algumas variáveis laboratoriais foram o sexo, idade e etnia. A identificação de fatores associados à hepatite C crônica, que podem influenciar o tratamento, é importante para conseguirmosindividualizar o atendimento ao paciente, melhorando a resposta a terapêutica e com isto diminuir a evolução para cirrose hepática. Desta forma, identificamos os pacientes com maior risco a desenvolver, para efeitos de intercorrências durante o tratamento, podendo reduzir as comorbidades e mortalidade, relacionadas à hepatite C.

Palavras-chaves: Hepatite C; Tratamento; Hemoglobina; Plaquetas.


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