UM OLHAR SAUDÁVEL SOBRE A COMUNIDADE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Cléria Maria Lobo Bittar, Ana Maria Gonçalves Oliveira, Cíntia Sousa Lucas, Giovanna Cordeiro Ferreira, Guilherme O. Pinto Bertoldi, Letícia Volpe de Abreu, Raiany Lima Andrade, Vinícius Eduardo Jóia Peres

Resumo


Introdução: Face ao processo de reorganização e reestruturação dos cursos de medicina, construído desde 2014 com mudanças curriculares e metodológicas, torna-se necessária uma maior interação entre os acadêmicos do curso e a comunidade, em que estarão inseridos ao se formarem. Objetivo: apresentar um relato de experiência de um grupo composto por sete estudantes e um docente do primeiro período do curso de Medicina do Centro Universitário Municipal de Franca - Uni-FACEF no ano letivo de 2015. Método: As atividades foram realizadas em uma UBS no município de Franca- SP, pelo programa educacional “Interação em Saúde na Comunidade” do curso de Medicina, em conjunto com o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). As atividades consistiram tanto em visitas como em equipamentos sociais, como em visitas domiciliares e exploração do próprio território da UBS. O foco era identificar as vulnerabilidades e potencialidades do território, bem como aplicar questionário aos funcionários e usuários da UBS, no intuito de conhecer suas percepções sobre as ofertas de serviço à saúde. Além disso, foram utilizados os sistemas de informação adotados pelo Sistema Público de Saúde, como o e-SUS, a nível nacional, e o Sistema Integrado de Gestão da Saúde (SIGS) a nível municipal, para facilitar a captação e o aprimoramento dos dados coletados. A visita aos equipamentos sociais (creche, escolas, centro comunitário) nos permitiu conhecer os recursos disponíveis na região para favorecer os habitantes locais em suas necessidades. Resultados: A partir disso, foi possível traçar estratégias de intervenção, como na creche, um equipamento importantíssimo para levantar dados relativos a saúde de determinadas faixas etárias e às condições socioeconômicas da população. Já as visitas domiciliares nos permitiu aprender sobre o funcionamento e a atuação dos agentes de saúde no sistema público de saúde. Além disso, tivemos a oportunidade de fazer o cadastramento de famílias, a identificação de suas necessidades, conhecimento das principais patologias da área de abrangência e interação com a comunidade. O seu desenvolvimento permitiu aos estudantes conhecer a área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) e seus respectivos equipamentos sociais. Estes foram imprescindíveis para a formação de um vínculo entre comunidade e unidade de saúde, aproximando a realidade dos usuários, dos alunos e dos serviços de saúde. Considerações finais: Com esta experiência, aprendemos conhecer a realidade dos usuários da Unidade Básica de Saúde (UBS) e entender as dificuldades enfrentadas, como também a forma que tal aprendizado torna-se importante para compreendermos o necessário para o atendimento ao paciente ser cada vez mais completo e garantir o efetivo funcionamento do SUS. As atividades possibilitaram entender que os pacientes devem ser orientados quanto a utilização do SUS, entendendo que a maioria das queixas podem ser resolvidas em nível primário.  Igualmente importante é demonstrar que o vínculo com o usuário permite ao profissional esclarecê-lo sem se impor, sabendo-se que o respeito pela autonomia do usuário, poderá influenciar a sua adesão ao tratamento. Além de nos expor que em momento algum, podemos perder a humanidade e compaixão por quem nos procura, fazendo diferença no tipo de médico que nos tornaremos. Por fim, o SUS na prática, embora ainda com alguns pontos positivos, nos mostrou uma outra visão. Muitos dos programas concretizados pelo governo ou projetados ainda no papel, muitas vezes, não são executados por falta de recursos. Além disso, a noção da comunidade sobre os seus direitos é mínima na realidade. Dessa forma, os usuários do SUS ficam distantes dos seus direitos de exigir daqueles descumpridores de seus deveres, como o governo. Contudo, a população também precisa ser direcionada em como usar o SUS (dever da comunidade), para utilizá-lo de maneira correta e efetiva. Mas, para isso, é preciso aproximá-la e ensiná-la de forma clara a usufruir os direitos à saúde.

Palavras-chave: Territorialização; Saúde Comunitária; Formação Médica; Agentes Comunitários.


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