Introdução: A desinstitucionalização e efetiva reintegração de pessoas com transtornos mentais na comunidade é uma tarefa a que o SUS vem se dedicando através de políticas públicas que estão a luz da reforma psiquiátrica. Juntamente com os programas De Volta Para Casa e Programa de Reestruturação dos Hospitais Psiquiátricos, as RT constituem-se como alternativas de moradia para um grande contingente de pessoas que possuem histórias de longa permanência em hospitais psiquiátricos por não contarem com suporte adequado na comunidade. De acordo com a Portaria Ministerial 106/2000, o suporte focaliza-se na reapropriação do espaço residencial como moradia e na inserção dos moradores na rede social existente. Constituída para clientela carente de cuidados, pode ter monitoramento técnico diário e pessoal auxiliar permanente na residência, sendo compatível com recursos humanos presentes 24h/dia e suporte de caráter interdisciplinar (CAPS de referência, equipe da atenção básica e outros profissionais) considerando a singularidade de cada um dos moradores. O processo de reabilitação psicossocial deve buscar de modo especial a inserção do usuário na rede de serviços, organizações e relações sociais da comunidade. Ou seja, a inserção em um SRT é o início de longo processo de reabilitação que deverá buscar a progressiva inclusão social do morador. O SRT, parte do território adscrito pela Unidade Básica de Saúde (UBS), conta com 13 egressos de internações em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em conformidade com decisão judicial. Laços familiares rompidos foram a principal causa de moradia nesse residencial. Há nesse acompanhamento de três cuidadoras em escala, uma técnica de enfermagem, equipe volante de enfermeiro, psicólogo e educador físico, além de profissionais do CAPS como referência para acompanhamento em saúde mental além dos profissionais da UBS. Objetivo: relatar a experiência de vinculação de um SRT a uma UBS de um município da Região Metropolitana de Porto Alegre/RS. Método: Trata-se de um relato de experiência através de uma abordagem descritiva. Resultados: Através do conhecimento da Agente Comunitária de Saúde do SRT, a equipe da UBS ofertou cuidados em saúde bucal em parceria com a Residência Multiprofissional em Saúde Comunitária da Universidade Luterana do Brasil/RS, junto também do seu curso de Odontologia, para os moradores do residencial. Ainda, atendimento da Residente de Enfermagem com aplicação de vacina contra Influenza. A partir desse contato inicial, foi agendada uma visita dos moradores a UBS para exploração do espaço e acesso as modalidades  assistenciais oferecidas. A partir desse encontro disparador, percebeu-se que os usuários acessaram mais a UBS e com maior autonomia, demandando atualização de carteira vacinal, Testes Rápidos DST/Aids e consultas. Ainda, houve maior aproximação com os profissionais de referência do SRT, parceiros na proposta de (re)conhecimento da UBS como serviço significativo para o cuidado em saúde. Considerações finais: O caráter fundamental do SRT é ser um espaço de moradia que garanta o convívio social, a reabilitação psicossocial e o resgate de cidadania do sujeito, promovendo os laços afetivos, a reinserção no espaço da cidade e e é papel da Unidade Básica de Saúde fornecer as ferramentas possíveis nessa busca.

Palavras-chave: Serviço Residencial Terapêutico; Saúde Mental; Reforma Psiquiátrica; Saúde da Família.