DO SISTEMA PÚBLICO AO PRIVADO: a percepção das mulheres sobre as orientações dos profissionais de saúde ao uso do tabaco durante a gestação
Resumo
Introdução: Para uma assistência integral às gestantes há a necessidade de incluir a investigação sobre o uso de drogas com vistas a captá-las, entendê-las e assisti-las adequadamente. Objetivo: Desvelar as percepções das mulheres usuárias de tabaco durante a gestação acerca das orientações dos profissionais de saúde no Sistema Público e Privado, identificando o perfil socioeconômico, o perfil tabagístico e a representação desse, além da relação dos profissionais de saúde com as abordagens nessa temática. Método: A investigação seguiu a trajetória quantitativa e qualitativa, adotando estudo exploratório-descritivo, no primeiro semestre de 2015. O estudo envolveu seis mulheres pertencentes ao município de Santa Cruz do Sul/RS, sendo três de micro áreas cobertas por uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) e outras três usuárias de Sistema Privado de Saúde. Resultados: Delineado parte do perfil das entrevistadas, encontramos faixa etária entre 21 e 30 anos de idade, autodeclaradas negra (1), brancas (2) e pardas (3), escolaridade ensino superior completo (1), incompleto (1), ensino médio completo (2) e ensino fundamental completo (1) e incompleto (1). No quesito renda, duas responderam ter em média três salários mínimos vigentes em 2015, uma com meio salário mínimo e três com renda decorrente do Bolsa Família. No que tange os cuidados no período gestacional, todas realizaram pré-natal. Quanto aos profissionais, quatro realizaram o pré-natal com médico e duas com médico e enfermeiro. Entre os locais que realizaram o pré-natal, encontraram-se a ESF, consultórios médicos vinculados às operadoras do Sistema Privado, Centro Municipal de Atendimento a Sorologia - CEMAS, assim como o Centro Materno Infantil – CEMAI. Sobre o tabaco, as seis mulheres disseram conviver com fumantes e se durante a gestação diminuíram ou interromperam o uso de tabaco e em qual trimestre, uma usuária do Sistema Privado disse ter interrompido espontaneamente no primeiro trimestre, duas (uma do Sistema Público e outra do Privado) diminuíram sob orientação, uma (Sistema Privado) diminuiu espontaneamente e duas do Sistema Público mantiveram o mesmo padrão de uso. Sobre o número de cigarros usados durante a gestação, quatro respondentes de 1 a 10, uma entre 11 e 20 e uma mais de 20 cigarros/dia. Se houve abordagem sobre o uso de tabaco durante a gestação por iniciativa dos profissionais de saúde, três usuárias do Sistema Público responderam que sim e outras três do Sistema Privado que não. Entre os que abordaram, estiveram médicos no Sistema Privado, médicos, enfermeiros, dentistas, agentes comunitários de saúde, acadêmicos da UNISC e bolsistas do Programa de Educação para o Trabalho no Sistema Público. Entre os locais que as abordaram estão a ESF, consultórios médicos privados, CEMAS e CEMAI. Considerações finais: Após análise dos dados, constatamos que enquanto parte das mulheres usuárias do Sistema Privado não são abordadas sobre os hábitos tabagísticos por iniciativa dos profissionais que as atendem, essas possuem maior escolaridade e renda, sendo esses fatores positivos para a diminuição ou cessação do uso do tabaco. Por outro lado, as mulheres investigadas no Sistema Público, apesar de abordadas constantemente sobre o uso do tabaco e por equipe multiprofissional, possuem condições sociais desfavoráveis para o entendimento dos riscos gerados pela droga lícita, além de verem nessa um refúgio para situações de vulnerabilidades diárias. Logo, as condições sociais são potenciais determinantes para hábitos mais saudáveis.
Palavras-chave: Tabagismo; Gestação; Sistema Público; Sistema Privado.
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