SOROPREVALÊNCIA DE DOENÇAS INFECCIOSAS EM APENADOS DO SUL DO BRASIL
Resumo
Introdução: O número de indivíduos apenados no Rio Grande do Sul é altíssimo e a maioria das prisões não possui atendimento médico, o que submete estes indivíduos a um péssimo estado de saúde, além da privação de liberdade. A população prisional é caracterizada por condições inadequadas de vida, devido a fatores como a superlotação, pouca ventilação, precariedade e insalubridade que aumentam o risco para transmissão de doenças. O confinamento também estimula práticas como o comportamento sexual, a má alimentação, a falta de higiene e as elevadas taxas de uso de drogas, que tornam o sistema prisional propício à proliferação de doenças infecciosas como Hepatite C (HCV), Hepatite B (HBV), Tuberculose (TB), Sífilis (VDRL) e HIV. O ambiente prisional apresenta muitos fatores que contribuem para a disseminação de doenças infecciosas. A superlotação, a própria situação de confinamento, práticas sexuais desprotegidas, compartilhamento de agulhas contaminadas para uso de drogas, tatuagens e piercings, escassez ou ausência de serviço médico local, más condições de higiene, falta de ventilação e também de políticas de prevenção dessas doenças, colocam a população prisional como alvo fácil para a proliferação de doenças infecciosas, as quais muitas vezes apresentam-se assintomáticas, e são facilmente levadas à comunidade quando ocorre o retorno do indivíduo à sociedade. Objetivo: Estimar a prevalência de Sífilis, HIV, Hepatite B e Hepatite C, bem como suas respectivas co-infecções na população prisional do Presidio Regional de Santa Cruz do Sul. Método: Realizou-se um estudo descritivo transversal retrospectivo dos registros de análises sorológicas de apenados do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, realizadas entre janeiro de 2012 e junho de 2014. Os dados foram obtidos no arquivo do 13º Laboratório Regional de Santa Cruz do Sul DILASP/IPB-LACEN-RS. No estudo foram incluídos todos os registros sorológicos obtidos referentes às seguintes análises: HIV, VDRL, HCV, HBsAg, Anti-HBc total, Anti-HBcIgM e Anti-HBS. Os únicos dados populacional levados em consideração foram idade e sexo. Resultados: Foram analisados dados de 349 apenados com idade média de 31 anos (±8,56), variando de 18 a 59 anos e com 86% (n=29) o sexo masculino predominou em relação ao sexo feminino 14% (n=49). Como resultados positivos obtiveram-se: 6% (n=21) para Sífilis, 4,9% (n=17) para HIV, 8,3% (n=29) para HCV. Para HBV, os dados obtidos foram: 86% (n=300) Suscetíveis ao vírus, 1,1% (4) em Fase Aguda, 1,4% (n=5) em Fase Crônica, 5,7% (n=20) como Infecção Passada e 2,2% (n=11) na fase de Janela Imunológica. Na investigação sobre co-infecções, não houve casos de HBV/HCV assim como também para Sífilis/HCV. As co-infecções diagnosticadas foram as seguintes: Sífilis/HCV 0,3% (n=1), HIV/HBV 0,6% (n=2) e as co-infecções HIV/HCV e Sífilis/HIV ambas apresentaram a mesma prevalência de 0,9% (n=3). Considerações finais: O ambiente prisional fornece dados de uma população de alto risco para disseminação de doenças infecciosas. Diante destes resultados, percebe-se a necessidade de promover políticas de prevenção e tratamento precoce dessas infecções.
Palavras-chave: Sífilis; HBV; HCV; HIV; Infecções Sexualmente Transmissíveis; Prevalência.
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