BORDANDO À MÃO: DA EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES DE PSICOLOGIA E DE SERVIÇO SOCIAL COM O ACOLHIMENTO DE MULHERES EM UM SERVIÇO-ESCOLA EM TEMPOS PANDÊMICOS.

Daniela Dworakowski Dall'Agnol, Mariane Svirski, Amanda Corrêa de Araújo, Manoela Horowitz Petersen

Resumo


O projeto Clínica Feminista na Perspectiva da Interseccionalidade (CliFI) surgiu em Dezembro de 2019. Inicialmente, sua proposta estava voltada à educação permanente de profissionais que se ocupavam da escuta e da assistência de mulheres em situação de violência. Contudo, dado o alarmante cenário sócio-sanitário que se impôs, o cronograma de atividades teve de ser repensado. Isso ocorreu, principalmente, devido ao aumento contundente dos índices de violência doméstica e ao desamparo dos agentes de cuidado, visto a (quase) inevitável fragilização da rede de assistência. A partir disso, a proposta de realizar grupos de escuta mútua para mulheres é concebida, inaugurando um modo de escuta diferente do costumeiro atendimento individual. É por meio das redes sociais que esses grupos se ampliam, de modo que mulheres que enfrentam alguma situação de violência têm o acesso facilitado. A CliFi se articula nos seguintes grupos de trabalho (GTs): GT Formação, GT Rede, GT Comunicação e GT Acolhimento. As autoras concentram suas experiências no último deles. Esse GT tem sua atuação voltada ao primeiro contato com as mulheres que buscam um espaço de escuta para si. O acolhimento das mulheres é individual, realizado por uma dupla de escutadoras via chamada de vídeo. Esse processo não tem tempo de duração pré-determinado, variando conforme a queixa trazida e a disponibilidade de quem busca o serviço, podendo ter desencadeamentos diversos, entre eles a inclusão da mulher em um dos grupos mencionados. Concebemos o acolhimento de modo sensível e atento às interseccionalidades inerentes à existência de cada mulher, procurando evitar uma instrumentalização a priori que culmine em uma escuta homogeneizada e cansada. Trata-se de um bordado feito à mão, ou, ainda, com todo o corpo. O novelo, ali, não é de lã, mas de afetos.

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