BEBÊS E A FORMAÇÃO SENSÍVEL DE EDUCADORAS DO BERÇÁRIO
Resumo
O tema da formação docente no e para o berçário sustenta a problematização em torno da questão da responsabilidade pedagógica na convivência com bebês na Educação Infantil. O tema é recente na pesquisa educacional e exige considerar distintos campos de estudos que permitam refletir as especificidades pedagógicas que os bebês trazem à primeira etapa da Educação Básica. Para interrogar a formação pedagógica exigida pela interação entre adultos e bebês em espaços coletivos de educação, esta escrita monográfica apresenta um estudo bibliográfico que buscou estabelecer um diálogo com a antropologia, a filosofia e a psicologia. A intenção é afirmar esse diálogo como essencial para uma pedagogia que pretende aprender a pensar a experiência de bebês entrando no mundo em linguagem com o adulto, se descobrindo pleno no mundo e nos modos de convivência a partir da atenção sensível do adulto para com as demandas dos bebês. A justificava do estudo surge pela urgência de romper com o histórico processo de invisibilidade dos bebês na Educação Infantil e como modo de enfrentar pré-conceitos e sensos comuns em torno da ideia de fragilidade e incapacidade dos bebês realizarem sua entrada no mundo com os adultos. O diálogo com Maurice Merleau-Ponty, Judit Falk e Clarice Cohn contribui para a compreensão das primeiras relações e experiências do bebê no e com o mundo, nas quais a ação de cuidar torna-se indissociável do ato de educar na Educação Infantil. Essa inseparabilidade convoca a atenção ou um olhar para a afetividade e permite pensar as necessidades do humano e a postura exigida aos profissionais do berçário. A opção metodológica pela abordagem qualitativa surge a partir do vivido durante o estágio obrigatório em Educação Infantil, em 2019, o qual promoveu inquietações após o período de convivência com 17 bebês e criou a necessidade de aprofundar os estudos em torno da questão da formação pedagógica no berçário. Como resultado do estudo surge a compreensão da importância vital dos fazeres pedagógicos que consideram que a cultura apresentada pelos adultos aos bebês, com eles, vai além de portfólios, pois são os atos e as interações afetivas que efetivam a inserção no mundo e permitem a ambos pensarem o vivido. Para a formação de educadoras/es do berçário é fundamental afirmar a convivência no berçário como espaço e tempo de situarem-se como humanos sensíveis convivendo com humanos sensíveis, plenos em suas possibilidades de agir e pensar o mundo em que chegam.
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