Nos últimos anos, a longevidade de dentes com envolvimento endodôntico tem sido grandemente aumentada devido ao contínuo desenvolvimento da terapia endodôntica e de procedimentos restauradores. Pinos intraradiculares têm sido utilizados com o objetivo de devolver a função original a dentes tratados endodonticamente e/ou com grande comprometimento estrutural. O uso desses pinos pode ocorrer a partir do emprego de um núcleo metálico fundido convencional ou de técnicas que utilizam sistemas de pinos pré-fabricados disponíveis comercialmente. Nas últimas décadas, vários sistemas de pinos pré-fabricados foram desenvolvidos procurando sanar as dificuldades clínicas e preencher os requisitos funcionais e estéticos dos dentes. Contudo, é fundamental a seleção correta do pino, pois isso pode influenciar na longevidade do elemento dentário. A indicação ou não de um pino intracanal baseia-se em vários parâmetros, os quais incluem principalmente a posição do dente na arcada, a oclusão do paciente, a função do dente, a quantidade de estrutura dental remanescente e a configuração do canal. Este trabalho tem por objetivo mostrar a confecção de restaurações de resina composta associadas ao uso de pinos pré-fabricados de fibra de vidro e que foram realizadas na Clínica do Curso de Odontologia da UNISC pelos bolsistas do Projeto de Extensão “Restaurações diretas em dentes com ampla destruição coronária”, com o objetivo de oferecer tratamento alternativo a pacientes que não dispõem de condições financeiras para a realização de próteses, além de limitar a perda de estrutura dentária. No primeiro caso clínico realizou-se uma restauração com resina composta associada ao uso de um pino pré-fabricado de fibra de vidro em um incisivo lateral superior esquerdo e que apresentava uma extensa fratura da coroa envolvendo aproximadamente 2/3 da mesma. As tentativas anteriores de restauração desse elemento dental sem o uso de um pino intracanal haviam fracassado com a perda da restauração. Outras duas situações clínicas de restaurações de pré-molares, um superior e outro inferior, foram efetuadas usando pinos de fibra como meio auxiliar de retenção do material restaurador. Em ambos os dentes, havia uma perda da estrutura coronária bastante acentuada. O uso de pinos de fibra de vidro, nas situações acima descritas, cimentados adesivamente no canal radicular e em associação com a resina composta como material restaurador possibilitou a recuperação da forma e função dos elementos dentários de uma maneira bastante satisfatória, sem a necessidade de recorrer a técnicas mais invasivas e onerosas, como é o caso das restaurações indiretas. Considerando que os dentes anteriores e que o grupo dos pré-molares superiores são suscetíveis à forças de tensão e cisalhamento, conclui-se que, é importante planejar o uso de um pino intracanal quando o dente é tratado endodonticamente e apresenta uma ampla destruição coronária que será reconstituida com resina composta. O uso do pino intracanal nessas situações possibilitou a obtenção de uma restauração com resina composta, ao invés da confecção de uma prótese fixa a qual, além do alto custo, exige uma maior remoção de estrutura dentária, não atendendo assim, as necessidades dos pacientes envolvidos no projeto. Por outro lado, é possível prever que as restaurações assim efetuadas resultarão numa maior longevidade clínica.