ESTUDO DE CASO: BUSCANDO ENTENDER A DEPENDÊNCIA DE MEDICAMENTOS E TRATAMENTOS PSICOLÓGICOS ASSOCIADOS

Lara Franco Arruda, Mariluza Sott Bender, Kellen Nunes Rodrigues

Resumo


 

Nos últimos anos, a Reforma Psiquiátrica Brasileira tem avançado vigorosamente na reformulação da atenção em saúde mental, desconstruindo conceitos e práticas baseadas no isolamento e na exclusão social (FIGUEIREDO, 2006). Contudo, o que deveria gerar um acompanhamento de equipe multiprofissional, acaba sendo substituído pelo uso exclusivo de medicação, que proporciona uma diminuição dos sintomas apresentados, gerando uma sensação de alívio, de que o problema está sendo resolvido. O presente trabalho refere-se a um estudo de um caso realizado por acadêmicos da farmácia e psicologia do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde PET-SAÚDE após vivenciar a experiência de uma Oficina de Saúde Mental na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro Pedreira, no município de Santa Cruz do Sul. O caso estudado é de uma das participantes do grupo da Oficina de Saúde Mental e teve por principal objetivo descrever a importância da associação entre o tratamento medicamentoso e o acompanhamento psicológico. Realizou-se uma análise do prontuário da paciente M.R, 50 anos, cujo tratamento iniciou em setembro de 2000, com acompanhamento no Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) e na ESF. O diagnóstico do CAPS é de depressão recorrente leve (F33.0), utilizando os seguintes medicamentos: fluoxetina, diazepan, biperideno e haloperidol, além de inúmeros analgésicos e antiinflamatórios. É preciso levar em conta, que existem medicações imprescindíveis para serem utilizadas num curto período de tempo, para que o paciente supere a crise e até mesmo possa compreender seu processo analítico. No entanto, o processo deve sempre ser acompanhado por um psicoterapeuta, para que possa resolver o problema efetivamente. Uma coisa é fazer psicoterapia, onde o paciente irá entrar em contato com o que realmente lhe está fazendo mal e poder decidir ou redecidir o que fazer e desta forma livrar-se do sofrimento; outra coisa é ficar com o sofrimento latente e drogado para que possa suportar sua dor (CARERO, 2010). Foi possível concluir que a medicação tem sido importante neste caso, mas nos indica a necessidade de haver um acompanhamento psicológico associado à esta, pois se verifica a psicossomatização das dores psicológicas da paciente, o que gera frequentes consultas na ESF e dependência das medicações psicotrópicas. Portanto, é necessário um acompanhamento psicológico que dê voz aos conflitos internos dessa paciente, o que fará com que a dependência diminua gradativamente, e com que o uso dos psicotrópicos seja mais efetivo, ou seja, enquanto a medicação trata o sintoma da doença, a psicoterapia trabalha com o conflito que a gerou. O estudo propiciou aos acadêmicos envolvidos um novo olhar sobre as ações e o cuidado em saúde mental na atenção básica, contribuindo para sua formação e identificando sua importância como trabalhador comprometido em contribuir com a alteração do modelo assistencial e das relações que se estabelecem entre os serviços de atenção à saúde, os usuários e equipamentos sociais com os quais interagem.

Palavras-chave: Dependência - Medicamento - Tratamento psicológico

 


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