O Crack é uma droga ilícita que motiva o usuário a buscar tratamento, ainda que não seja a mais consumida, o que revela o impacto pessoal e sociofamiliar dessa dependência. Este tema vem desafiando os profissionais da saúde a compreenderem o perfil do usuário de substâncias psicoativas, até mesmo em razão das dificuldades de manejo e abordagem do problema. Diante dessa realidade nos deparamos com um composto desafiador: o Crack. A pesquisa foi realizada por bolsistas do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET) – Saúde/Saúde Mental/Crack, Álcool e outras drogas em vigência deste março do ano corrente, que atuam diretamente com usuários de Crack no serviço de saúde. Neste trabalho procurou-se dar um enfoque sobre o perfil de usuários de Crack que frequentam o Centro de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPS AD) de Santa Cruz do Sul. Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa, do tipo descritiva e documental, com utilização de dados de prontuários dos pacientes cadastrados e acompanhados no CAPS AD. Através da coleta de dados percebeu-se que 21% dos pacientes do CAPS AD elegeram o Crack como droga de preferência, equivalente a 231 usuários de 1098 prontuários analisados. Os dados coletados foram divididos em categorias como sexo, faixa etária, escolaridade, idade de início, internações e comorbidades. O sexo masculino prevaleceu com 201 usuários equivalentes a 87%, já o sexo feminino resultou em 30 usuários, equivalente a 13%. A faixa etária de uso do Crack compreendida entre 18 a 25 anos, totalizaram 117 usuários equivalente a 51%; de 26 a 34 anos totalizaram 77 usuários, equivalente a 33%; de 35 a 60 anos, totalizaram 35 usuários, equivalente a 15% e 2 prontuários não continham este dado, equivalendo a 1%. Quanto à escolaridade, 140 usuários tinham o Ensino Fundamental incompleto, equivalendo a 61%; 28 Ensino Fundamental completo, equivalendo a 12%; 17 Ensino Médio incompleto, equivalendo a 7%; 20 Ensino Médio completo, equivalendo a 9%; 4 Ensino Superior incompleto, equivalendo a 2% e 22 prontuários não continham este dado, equivalendo a 9%. Na faixa etária de início de uso do Crack em usuários menores de 9 anos totalizaram 7 usuários equivalendo a 3%; já na faixa etária de 10 a 12 anos, totalizaram 42 usuários equivalendo a 18%; de 13 a 17 anos, totalizaram 140 equivalendo a 61%; de 18 a 25 anos, totalizaram 24, equivalendo a 10%, de 35 a 60 anos, totalizaram 3 usuários equivalendo a 1% e 15 prontuários não continham este dado, equivalendo a 7%. Destes usuários, 175 já foram submetidos a algum tipo de internação (clínica, para desintoxicação ou em comunidade terapêutica), com média de 3 internações por paciente. Ressalta-se que no total foram diagnosticados comorbidades em 18 prontuários analisados. Atualmente a pesquisa continua em andamento e os resultados apresentados são parciais, porém percebe-se que o uso do Crack representa uma parcela significativa da população de usuários, o que demanda maiores atendimentos nos serviços especializados, com isso, constata-se a importância de projetos e estudos direcionados a estas pessoas. Diante do constatado julgamos estar contribuindo para melhorar o conhecimento e as ações das equipes da Saúde Mental.