TEMPOS E ESPAÇOS DA LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA: TECENDO O TAPETE MÁGICO

ÂNGELA COGO FRONCKOWIAK, KARINE WESSLING

Resumo


A escola, para muitas das crianças brasileiras, é o único espaço e tempo de acesso e interação literária. Situação conflitante, pois o contato com a literatura infantil é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças. Nessa fase, é através da simbolização e do imaginário que ocorre o amadurecimento do raciocínio, da organização de pensamentos e da criatividade. Sendo assim, elaborei esta pesquisa, que culminou com uma monografia para fazer uma discussão dos diferentes tempos e espaços de trabalho com a literatura infantil dentro da escola. Analisei ainda as práticas pedagógicas relacionadas à literatura infantil e sua influência nos interesses literários de alunos do 3º ano de duas escolas da rede pública de Venâncio Aires, cidade do RS, além de procurar caracterizar os elementos (des)estimulantes do prazer da leitura presentes no âmbito escolar. A metodologia adotada obedeceu a uma perspectiva qualitativa, a partir de pressupostos dialéticos. Nesse sentido, a pesquisa de campo abrangeu observações in loco e questionários aplicados às duas docentes, a uma amostragem de vinte e quatro alunos do 3º ano e às duas responsáveis pela biblioteca nos dois educandários (A e B) já referidos. A análise dos dados teve como base produções literárias sobre o assunto. Para a escrita desta pesquisa, optei pelo uso de metáforas sobre a criação de um tapete, envolta no mundo da costura, por considerar essa experiência do contato com a literatura infantil um trabalho artesanal. Algo complexo, que precisa de atenção, cuidados, reflexão, o que não pode ser feito de forma "industrial" através da produção em massa, plastificada e distante. Com este trabalho foi possível constatar uma notável preocupação dos educandários em aproximar os alunos deste suporte; ambos possuem biblioteca e permitem, além do acesso, o poder tocar e sentir os livros. Na visita, não foi percebido nenhum armário guardando o material como algo santificado e intocável, pelo contrário, possuem estantes que são adequadas à estatura das crianças. Transpor primeiro o espaço da biblioteca, visto por muitos como um lugar de silêncio e solenidade e trazer os livros para dentro da sala de aula, através das caixas móveis, é outra iniciativa significante. Ultrapassar as paredes da escola, abrindo a biblioteca para as famílias, ou ainda favorecer a entrada da literatura nas casas das crianças, através da "bolsa de leitura", enriquece essa exploração e permite a superação de alguns dos entraves para o contato com o universo literário: o financeiro. Pois, se há a possibilidade de o aluno retirar histórias na biblioteca escolar, mesmo sendo a única fonte, não precisará custear a compra das obras, algo impossível para a maioria das famílias, que destinam toda a renda à sua sobrevivência. Constatei que o contexto de leitura está presente nos educandários através de muitas estratégias. Penso que o trabalho que vem sendo realizado nessas instituições também colabora com a tecitura deste grande tapete, que, por sua vez, é igualmente influenciado por diversos fatores sociais e culturais em que as próprias escolas estão inseridas.240


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