O Plano de Governo do Rio Grande do Sul 2011-2014, no que tange à Política Educacional, apresentou à Rede Estadual de Ensino a proposta pedagógica de reestruturação do Ensino Médio, identificado como 223Ensino Médio Politécnico e Educação Profissional224. A execução dessa proposta demanda uma formação interdisciplinar, partindo do conteúdo social, revisitando os conteúdos formais para interferir nas relações sociais e de produção na perspectiva da solidariedade e da valorização da dignidade humana. Nesse contexto, foi inserida a disciplina de Seminário de Projetos, na qual o aluno deverá adotar um tema de livre escolha para pesquisar, ao longo do Ensino Médio, para, assim, completar sua qualificação e promover a articulação com o mundo do trabalho e práticas produtivas, com vistas à sustentabilidade. Partindo dessas afirmativas e de que nesse processo de construção coletiva é imprescindível a participação e o compromisso dos diversos atores sociais, em especial, o curso de Licenciatura em Biologia, atuando na intervenção pedagógica direcionada para a abordagem de temas relacionados à alfabetização científica, potencializada pela investigação e estudo de temas transversais. O presente relato descreve o momento de intervenção pedagógica desenvolvida com 54 alunos de 1º ano, em uma escola de Ensino Médio, de Santa Cruz do Sul, RS, na disciplina de Seminários de Projetos, durante o Estágio Supervisionado de Biologia II. Partiu-se do pressuposto da pesquisa-ação, que combina técnicas de pesquisa quantitativa (questionário) e qualitativa (grupos focais) com o intuito de analisar a percepção e a compreensão dos alunos em relação à pesquisa científica em Biologia, para, então, dar-se início às atividades de orientação e acompanhamento da redação dos referidos projetos. A análise esteve direcionada às seguintes categorias: compreensão estabelecida sobre projeto de pesquisa; expectativas quanto às aulas de Seminário de Projetos e compreensão estabelecida para o conceito de Pesquisa Científica. Os resultados foram expressos de forma qualitativa e analisados conforme BARDIN (2006). Percebe-se uma grande dificuldade quanto à compreensão e percepção dos processos de investigação científica, raciocínio, escrita e aplicação das teorias à realidade vivida. Os alunos entendem a disciplina de Seminário de Projetos como uma disciplina na qual irão aprender a organizar o Projeto e adquirir conhecimento a partir da explicação do professor referente aos assuntos escolhidos; fato este que não coincide com a realidade escolar, pois a pesquisa deve ser realizada de maneira extraclasse, e as aulas de Seminário são voltadas apenas para orientações gerais. Em nenhum momento houve referência à compreensão sobre o porquê da inserção dessa disciplina no currículo escolar, evidenciando a necessidade de reflexão e discussão sobre a perspectiva adotada pela escola e pelo professor a respeito da alfabetização científica. A inexistência de um sentido quanto à importância e à necessidade dessa disciplina na construção do conhecimento pelos alunos inviabilizou a efetivação dos objetivos delineados na proposta de ensino estabelecida pelo Governo do Estado para a inserção da pesquisa como processo que, integrado ao cotidiano da escola, garantisse a apropriação adequada da realidade, assim como projetasse possibilidades de intervenção, de construção de novos conhecimentos e a formação de sujeitos pesquisadores, críticos e reflexivos.