SER INTERDISCIPLINAR É AGIR COLETIVAMENTE NA ESCOLA: PROPOSTA DIDÁTICA INTERDISCIPLINAR A PARTIR DE SAÍDA DE CAMPO À EXPOAGRO AFUBRA

OLGARIO PAULO VOGT, DÉBORA INÊS V GT

Resumo


O presente artigo pretende apresentar uma proposta de trabalho prática de prática interdisciplinar na área de Ciências Humanas no Ensino Médio, a partir de saída de campo à Expoagro. Além disso, faz um breve retrospecto da produção intelectual dos teóricos da área a fim de se pensar uma educação que fuja da ideia de criação de 223caixinhas224 no campo do saber contemplando um trabalho planejado de forma coletiva. Sintonizada com as reflexões sobre o papel do historiador na contemporaneidade, Keila defende a sua atuação para além dos muros da pesquisa acadêmica. Essa concepção também deve ser sentida pelos profissionais de outras licenciaturas. Fazer com que o conhecimento seja construído por uma lógica que transcenda o das 223caixinhas224 está longe de ser um desafio novo na educação brasileira. Desde a década de 1990, apesar de o termo ter surgido nos anos de 1970, diferentes governos adotaram a interdisciplinaridade como base para o ensino. No entanto, passadas duas décadas, os pesquisadores, agora, falam em transdisciplinaridade,240e, na prática, são poucos os casos de sucesso no projeto de romper com as fronteiras das disciplinas. A proposta de reforma do Ensino Médio do atual Governo do Estado apresenta esse referencial, apesar de ter deturpado o sentido do trabalho, conforme exposto por Gramsci. Nesse contexto, pensar o processo de ensino-aprendizagem exige novas formas de ver a realidade. Fazer isso não é fácil. Mas é preciso lembrar que os alunos estão nas salas de aula. Não é culpa deles 226 a menos quando negam a si próprios o direito de aprender 226 se não estão plenamente alfabetizados. É preciso criar estratégias de aprendizagem que transcendam a simples reprodução. Nesse contexto, o papel do professor é o de explorar possibilidades e esboçar novas perspectivas. Segundo Fazenda (2003), 223o professor precisa ser o condutor do processo, mas é necessário adquirir a sabedoria da espera, o saber ver no aluno aquilo que nem o próprio aluno havia lido nele mesmo, ou em suas produções224 (p. 45).240Partindo desse pressuposto, o presente artigo apresenta uma proposta de atividade interdisciplinar que culminou com uma saída de campo à Expoagro. Pensando a atividade interdisciplinar a partir de um tema norteador 226 no caso, a agricultura 226 os professores de Ciências Humanas e de Química240buscaram subsídios para a pesquisa dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, com vistas a não pensar a agricultura somente do ponto de vista econômico, mas, especialmente, a partir da perspectiva das pessoas que trabalham no setor.240 As temáticas de sustentabilidade, diversificação da produção agrícola e não permanência dos jovens no campo 226 pensando a complexa rede que envolve a agricultura na região, no estado, no país e no mundo 226 permearam as questões de ordem social, cultural e econômica.240 O desafio lançado aos alunos foi o de inter-relacionar os saberes das diferentes disciplinas a fim de romper suas fronteiras, pensando a agricultura e as pessoas que nela trabalham de uma forma interdisciplinar. Para isso, além de observação e visita, os estandes realizaram entrevistas com os agricultores a fim de verificar se os saberes teóricos se confirmavam e buscaram respostas aos questionamentos surgidos em sala de aula. Divididos em grupos, os alunos realizaram entrevistas com os agricultores, interrogando sobre a influência das visitas à feira na diversificação da propriedade, bem como aspectos sobre a dinâmica da propriedade e tecnologia.


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