UM ROMANCE HÍBRIDO

NORBERTO PERKOSKI, SAMARA ALVES

Resumo


Este trabalho tem por objetivo relatar a pesquisa realizada na disciplina de Monografia II, como parte integrante do currículo normal do curso Letras Português/Inglês, da Universidade de Santa Cruz do Sul 226 UNISC. O estudo teve como orientador o Prof. Dr. Norberto Perkoski. Partindo da inquietação gerada pela leitura da obra O filho eterno, de Cristovão Tezza, durante a disciplina de Literaturas de Língua Portuguesa III, decidimos desenvolver uma pesquisa com o objetivo de descobrir em qual gênero literário a referida obra melhor se classificaria, uma vez que o tema abordado é um drama real vivido pelo próprio autor. A obra, no entanto, ganhou os mais importantes prêmios da literatura brasileira na categoria romance, ou seja, categoria em que se enquadram obras de cunho puramente ficcional. A partir do exposto, a investigação teve início com um estudo sobre o romance, como gênero literário, e suas principais características, seguido de aspectos que definem a autobiografia e os pactos de leitura. Procuramos, também, diferenciar esses dois gêneros, baseando-nos nos estudos do Philippe Lejeune. Munidos desse referencial teórico, realizamos a análise da narrativa O filho eterno, de Cristovão Tezza. O jogo literário proposto pelo escritor recebeu atenção especial e foi a chave de aprofundamento desse estudo, já que a obra não se enquadra tão somente na categoria romance, pois retrata fatos de uma história real, não se classificando, também, como autobiografia. Os resultados que obtivemos foram satisfatórios, porém, à medida que nos confrontávamos com a narrativa, era possível perceber que estávamos diante uma obra nada convencional, apresentando-se com uma temática complexa de ser analisada e interpretada, pois nos leva à subjetividade e, consequentemente, à dubiedade. Ao longo da obra, o leitor não encontra o lugar-comum, o apelo ao sentimento de pena e empatia, o que eleva o nível e qualifica a história, prendendo o leitor ao longo das suas 222 páginas por não fornecer respostas e solução óbvias, ao contrário, a cada novo capítulo há um elemento surpresa. Os estudos teóricos acerca das autobiografias nos revelaram outro gênero literário, o romance autobiográfico. Depois de estudá-lo e melhor compreendê-lo, foi possível fazer uma aproximação da obra com esse gênero, pois o tema da narrativa O filho eterno, como citamos, é real, porém não sabemos a veracidade dos outros fatos paralelos ao nascimento do filho com Síndrome de Down, que é o tema central da obra. Também pelos recursos literários utilizados por Tezza,240a narrativa240não se classifica nas categorias que, inicialmente, nos pareceram mais evidentes, o romance e a autobiografia, enquadrando-se nos romances autobiográficos, que são um misto de ficção e realidade, temas reais revestidos de técnicas literárias ficcionais. O que podemos afirmar, com total segurança, é que Cristovão Tezza foi corajoso ao escrever essa obra tão impactante, envolvente, chocante e com um desfecho belíssimo.


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