O acompanhamento de turmas de Ensino Médio (EM) nos laboratórios de química da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) já se constitui em ação permanente, bem como uma preocupação cada vez maior dos profissionais da educação, da própria instituição e das escolas em geral, intensificada após as modificações instituídas pela reestruturação do Ensino Médio no RS.240Professores de turmas de Ensino Médio que apresentam inclusão de alunos surdos, muitas vezes, acabam realizando a transmissão dos conhecimentos teóricos em Química somente na sala de aula, quando ainda são disponibilizados intérpretes para mediação dos conteúdos. As dificuldades de inclusão de alunos surdos em aulas práticas são justificadas pela falta de experiência e de capacitação dos professores da área, que apresentam pouco ou nenhum conhecimento da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a língua oficial dos alunos. Sem o auxílio de intérpretes, os professores não realizam eficientemente a transmissão dos conteúdos teóricos aos alunos surdos nem conseguem integrá-los ao conhecimento químico instituído. Atualmente, as Instituições de Ensino Superior (IES) estão introduzindo nos currículos dos cursos de Licenciaturas, nas mais variadas áreas do conhecimento, a disciplina de LIBRAS, com intuito de preparar os futuros docentes para a prática educativa de alunos surdos, inclusos em turmas de ouvintes, nas Escolas de Educação Básica. A disciplina, única no currículo, não forma profissionais capacitados ao trabalho com alunos surdos, mas proporciona uma aproximação da língua aos professores, uma busca por aprimoramento, uma consciência de novos valores na transmissão dos conhecimentos, além de 223quebrar o paradigma224 quando da aproximação com a comunidade surda, que possui uma identidade própria e necessita ser compreendida como tal. A E.E.E.M. Nossa Senhora do Rosário apresenta, desde o ano 2010, atendimento para alunos surdos, de maneira a apresentar classes especiais de Ensino Fundamental (EF) e Ensino Médio (EM) para os mesmos. O EF se dá através de turmas especiais, e o EM através de turmas inclusivas, que contam com uma professora intérprete dentro da sala de aula. Metodologicamente, a aula prática foi ministrada por professor de Química, que orientou a didática aplicada, auxiliado pelas graduandas de Licenciatura em Química. No laboratório, a turma acompanhou a exibição de experimentos químicos que tratavam sobre reações ácido-base, reação de combustão, reação de oxidação-redução e reação promovida por catalisador. 240O professor explicou aos alunos todos os experimentos, de forma teórica, demonstrando até mesmo as conversões estruturais nos compostos, através das fórmulas. Realizaram-se os experimentos de forma que os alunos surdos pudessem acompanhar e interpretar na linguagem de sinais. Os alunos surdos foram instigados a participar das discussões dos fenômenos. O ensino de Química aos alunos surdos, aliado às práticas experimentais, representou uma proposta de ensino diferenciada e bastante proveitosa, que pode ser aplicada pelos professores de Escolas de Ensino Regular. O aproveitamento do ensino-aprendizagem se intensifica na medida em que os alunos interagem com as reações apresentadas, entendendo melhor os conteúdos. Concluiu-se que não é difícil promover aprendizagem significativa e proporcionar momentos diferenciados de educação, se os professores se dispuserem a adequar as estratégias didáticas disponíveis, em suas aulas.