OFICINAS POÉTICAS: ENCONTRO ENTRE CRIANÇAS E ADULTOS COM A LUDICIDADE DAS LINGUAGENS

TAMIRIS ZINN, SANDRA REGINA SIMONIS RICHTER

Resumo


Os estudos teóricos desenvolvidos no projeto de pesquisa Dimensão Poética das Linguagens e Educação da Infância e as ações de extensão por ele organizadas vêm permitindo compreender a importância da articulação entre o campo conceitual que envolve a educação da infância e o planejamento de ações com a literatura e as artes plásticas com crianças pequenas. O aprofundamento dos conceitos de infância, criança, imaginação poética, ludicidade e narrativa, a partir de leituras orientadas e discussões semanais junto ao grupo, subsidiaram os encontros entre pesquisadores, colegas bolsistas e crianças, entre quatro e cinco anos, de uma EMEI de Santa Cruz do Sul no ateliê do Memorial da UNISC. As oficinas foram por mim registradas através de relatos escritos, fotos e vídeos que, organizados e analisados pelo grupo, contribuíram para a descrição e a reflexão das narrativas ali vividas. Nos encontros com as crianças vivemos diferentes interlocuções a partir de intensas experiências com a luz, a sombra, a palavra, a cor e a vocalização de poesias e histórias. É nessa experiência que me detenho para refletir e estudar a relevância educacional de favorecer na infância diferentes modos de aprender a narrar o vivido para significá-lo no coletivo. Os encontros tinham roteiro definido pelo projeto de pesquisa em seu objetivo de investigar a inseparabilidade entre corpo, linguagem e mundo como estratégia teórico-metodológica para sustentar propostas pedagógicas a partir de ações educativas com crianças pequenas em contextos coletivos. Durante as 223Rodas Poéticas224 (RICHTER: FRONCKOWIAK, 2008, 2009), juntos, adultos e crianças, exploraram diferentes encontros no mesmo espaço, porém em tempos diferentes, com o desenho, a pintura, a poesia e a literatura, a partir do jogo entre luz e sombras projetadas por retroprojetores. Tais encontros ocorreram simultaneamente a partir da proposta de reunião das crianças em pequenos grupos organizados pelas diferentes experiências com a luz, a sombra, os textos e as imagens. Essa diversidade favoreceu a emergência de diferentes narrativas. Algumas crianças permaneceram toda a manhã em um determinado espaço; outras transitavam pelos diferentes locais, estabelecendo interlocuções entre um espaço e outro. O aspecto marcante foi o acolhimento dos adultos à diversidade de encontros do corpo com a linha, a cor, a forma, a voz, a palavra, em um mesmo espaço. Os encontros ocorriam no mesmo tempo cronológico, mas, por instaurarem tempos lúdicos (HUIZINGA, 1999), favoreciam diferentes modos de configurar experiências singulares no coletivo (LAROSSA, 2002). Assim, em todos os espaços do ateliê, as crianças encontraram tempo para constituírem, com os adultos, narrativas que permitiam estabelecer interações consigo e com outros: a 223oficina poética224. Esse momento intenso entre as crianças e os adultos favoreceu narrativas que afirmaram o vivido através da ação ficcional, do faz de conta, nas quais o corpo exerce e expressa conversações que ampliam o real diante da necessidade de, juntos, nos configurarmos, de nos interpretarmos, para compartilharmos experiências. Essa abertura ao poder narrativo de capturar o efêmero vivido 226 que permite entrar no jogo e jogar com outros 226, esse movimento de linguagens que nos leva a várias interlocuções e constituições de narrativas (RICOEUR) exige intencionalidade pedagógica no planejamento e na organização dos espaços e dos tempos a serem vividos com as crianças.


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