PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE LATENTE EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE: TESTE TUBERCULÍNICO OU QUANTIFERON-TB GOLD?

LIA GONÇALVES POSSUELO, PAULA CORREA MACHADO

Resumo


INTRODUÇÃO: Os profissionais de saúde encontram-se diretamente expostos ao M. tuberculosis, sendo considerada uma população de alto risco de infecção. Os locais de trabalho normalmente apresentam altas incidências da doença, pois são locais de passagem de doentes infectados. O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da doença. Durante anos o diagnóstico da infecção latente foi realizado somente através do Teste Tuberculínico (TT), no entanto, estudos demonstram que o TT apresenta limitações, entre elas a baixa especificidade, a possibilidade de ocorrência de falsos-positivos ,associada à vacina BCG, e a exposição à micobactérias não causadoras de tuberculose. Logo, os ensaios de liberação de interferon-gama (IGRA) têm sido desenvolvidos como potenciais substitutos para o TT. Estes testes realizam a quantificação in-vitro da resposta imune celular, através da detecção de interferon-gama liberado pelas células T, sensibilizadas através do estímulo com antígenos específicos do M. tuberculosis. Os IGRAs apresentam inúmeras vantagens em relação ao teste tuberculínico, são mais sensíveis e específicos para detecção de tuberculose latente, não expõem diretamente o paciente ao antígeno e permitem a inclusão de controles positivos e negativos. Muitos estudos têm demonstrado o aumento do risco de infecção de profissionais de saúde por M. tuberculosis, porém são poucos os trabalhos que verificam este risco entre os ACS. OBJETIVOS: Verificar a prevalência de infecção latente por M. tuberculosis entre agentes comunitários de saúde e realizar uma análise comparativa entre o teste de diagnóstico de tuberculose latente, o tuberculínico (TT) e o QuantiFERON®-TB Gold In-Tube (QFT-GIT).240MÉTODOS: Foi realizado um estudo descritivo transversal com os agentes comunitários de saúde integrantes do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) de Santa Cruz do Sul, no período de março a junho de 2012. O TT e QFT-GIT foram aplicados em 47 agentes comunitários de saúde. No TT foi considerado positivo uma induração ≥10 mm e no QFT-GIT 0,35 UI/mL de interferon-gama. RESULTADOS: Um total de 91,5% eram mulheres, a média de idade foi de 36,4 (± 9,64), sendo a mínima de 20 anos e a máxima de 53 anos. A média de tempo de trabalho dos profissionais como ACS foi de 7,3 anos, variando de 8 meses a 15 anos, sendo que 46 (97,9%) relataram realizar visitas domiciliares diariamente e nunca utilizar nenhum tipo de equipamento de proteção individual. A taxa de vacinação pela BCG neste estudo foi de 97,2%. No TT a prevalência de tuberculose latente foi de 25,53% enquanto no QFT-GIT foi 12,8%. A concordância entre os testes foi pobre (κ=0,063). A maioria dos participantes que tiveram resultados positivos nos testes trabalhavam há mais de 4 anos na profissão. CONCLUSÃO: A prevalência encontrada em ambos os testes foi semelhante com o relatado em estudos realizados com profissionais em contato direto com pacientes infectados. Sugere-se que medidas de biossegurança na rotina destes profissionais sejam adotadas. Apesar do número limitado de amostras, verifica-se uma alta discordância entre os testes, portanto, salienta-se a necessidade de desenvolver mais estudos que busquem encontrar uma explicação biológica para tais diferenças e que avaliem a relação de custo-benefício na utilização dos testes.


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