GRUPO DE PAIS: ESPAÇO PARA (RE)PENSAR O EXERCÍCIO DA MATERNIDADE/PATERNIDADE

EDNA LINHARES GARCIA, CARINE GUTERRES CARDOSO, EMANUELI PALUDO

Resumo


O 223Grupo de Pais: escuta ao cuidador224, configurou uma ação em Saúde Coletiva, atividade integrante do estágio de Psicologia desenvolvido no Serviço Integrado de Saúde (SIS), da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). O interesse pelo tema surgiu após uma prática de acolhimento infantil, em que os pais/responsáveis de crianças em espera por atendimento psicológico foram acolhidos para avaliação da situação de cada criança e família. A partir desta prática, observou-se a necessidade de um espaço para os cuidadores compartilharem experiências, sentimentos e dificuldades vivenciadas no exercício das funções paternas e maternas na contemporaneidade. Inicialmente, os encontros ocorreram semanalmente, ao longo do tempo, as atividades passaram a ser quinzenais. Simultaneamente a este grupo, realizou-se um grupo com as crianças, de modo a buscar um cuidado mais integral, tendo em vista que a família é parte integrante do adoecimento da criança. Como metodologia, optou-se por rodas de conversa acompanhadas de chimarrão, tradição que aproxima as pessoas e promove a horizontalidade das relações, uma vez que não se intencionava tornar estes encontros momentos de palestras, reforçando a verticalidade do saber. Ao longo dos encontros foram utilizados dispositivos para auxiliar os pais a pensarem sobre seus filhos para além da queixa inicial que traziam, de modo que pudessem recordar suas infâncias e confrontar a idealização da maternidade/paternidade com a realidade do cotidiano, vivenciada no exercício de tais funções. Estes dispositivos tinham como objetivo propiciar que o familiar ampliasse sua compreensão sobre a problemática que estava enfrentando e, sobretudo, promovesse questionamentos sobre suas próprias participações na constituição dessas situações, já que são constatadas muitas dificuldades por parte da família em reconhecerem-se implicadas na problemática dos filhos. Observa-se que colocar o filho no lugar de 223criança-problema224 configura um movimento muito comum, o que aponta para uma fragilidade no exercício da função materna/paterna, que deve ser trabalhada com suporte psicológico. O grupo passou por ciclos marcados ora com mais integrantes, ora com menos, contudo, este espaço se consolidou no SIS.A partir dos encontros em grupo, percebeu-se que os pais e/ou responsáveis puderam (re)pensar suas famílias e os processos de saúde e de doença, bem como, sobre o suporte que os filhos necessitam quando estão em estado de sofrimento. Também notamos que a modalidade grupal favorece trocas de experiências, assim como a identificação e o compartilhamento de questões semelhantes e inerentes ao exercício da maternidade e da paternidade nos dias de hoje. Concluímos que grupos como estes são de suma importância, na medida em que oportunizam espaços para a fala e a escuta das ansiedades e dificuldades dos pais, promovendo saúde e prevenindo doenças no meio familiar.


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