A desnutrição, também conhecida como restrição calórica (RC) grave, segundo a World Health Organization, atinge cerca de 925 milhões de pessoas em todo o mundo. É uma deficiência nutricional que decorre do aporte nutricional insuficiente em energia e nutrientes que durante o desenvolvimento, interfere em vários processos essenciais, que terão um impacto maior ou menor sobre o organismo dessas pessoas na vida adulta. Um efeito da RC é o estresse oxidativo, contudo, este efeito ainda não está bem estabelecido, pois há estudos em que a RC apresenta efeito protetor contra o estresse oxidativo. Como forma de tentar reverter a desnutrição, tem-se sugerido a utilização do cogumelo Shiitake (Lentinula edodes), que apresenta altos teores de proteínas, carboidratos, fibras e micronutrientes. Além disso, possui vários efeitos funcionais como atividade antioxidante, hipocolesterolêmico e contribui com o adequado funcionamento do sistema imunológico. O estudo objetivou avaliar o estado nutricional, a atividade exploratória e o nível de dano no DNA (sangue e hipocampo) em ratos Wistar desnutridos após o tratamento com Shiitake (Lentinula edodes). Utilizou-se 40 animais, que durante 30 dias foram divididos em 2 grupos: Controle (alimentação controlada) e Desnutrido (submetidos ao processo de RC, recebendo 75% a 80% a menos do grupo controle). Nos 60 dias seguintes, os grupos foram subdivididos em 4 grupos: (Controle (C), Desnutrido (D), Controle+Shiitake (C+S) e Desnutrido+Shiitake (D+S), onde os grupos C e D continuaram com a mesma alimentação e os grupos C+S e D+S foram suplementados com Shiitake (0,015 g/peso/animal). O estado nutricional dos animais foi classificado pelo Índice de Massa Corporal (IMC) específico para animais. A atividade exploratória foi avaliada pelos Testes de Memória de Reconhecimento de Objeto Novo e Campo Aberto. Os níveis de danos no DNA (sangue e hipocampo) foram avaliados utilizando-se o Ensaio Cometa. Os resultados foram tabulados no programa estatístico Graphpad Prism 5. O IMC demonstrou que os grupos submetidos à RC apresentaram índices inferiores aos de eutrofia (p-0,001). Os animais que receberam o cogumelo tiveram uma melhora no estado nutricional, porém permaneceram desnutridos (p-0,05). No Teste de Reconhecimento de Objeto Novo, houve uma leve melhora na atividade exploratória dos grupos C+S e D+S em relação aos grupos C e D, mas não significativa no teste de curta duração (p=0,4043). No teste de longa duração observaram-se diferentes níveis de exploração, nas quais os grupos C+S e D+S apresentaram menores índices de reconhecimento em relação ao grupo D (p=0,0023). Avaliando o comportamento dos animais no teste de Campo Aberto, verificou-se uma tendência ansiolítica nos grupos que receberam Shiitake (p-0,05). Foi observada uma diminuição dos níveis de danos no DNA no sangue dos animais com RC e aumento nos animais que receberam Shiitake (p-0,001). Em relação ao hipocampo, os danos apresentaram-se aumentados em todos os grupos em relação ao controle (p-0,001). Concluiu-se que o Shiitake melhorou de forma significativa o estado nutricional dos ratos, mas não a ponto de reverter plenamente à desnutrição, mesmo o Shiitake sendo fonte protéica e glicídica. Ainda, o tratamento com Shiitake provocou diferentes níveis de atividade exploratória, aumentou os níveis de danos de DNA no sangue e mais agressivamente no hipocampo. Sugerem-se estudos adicionais objetivando detalhar os efeitos ansiolíticos e genotóxicos do Shiitake