RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SÉRICOS DE BILIRRUBINA E O TIPO DE FOTOTERAPIA UTILIZADA EM RECÉM-NASCIDOS COM ICTERÍCIA NEONATAL

VERA LUCIA BODINI, ALICE HOERBE, CAMILA BÖCK SILVEIRA

Resumo


A icterícia ou hiperbilirrubinemia é a mais frequente patologia neonatal. Estima-se que mais de 60% dos recém-nascidos a termo desenvolvem icterícia durante os primeiros dias de vida. Sua incidência tem íntima relação com a idade gestacional, patologias associadas, tipo de alimentação, raça e áreas geográficas. A fototerapia é a modalidade terapêutica mais utilizada para o tratamento de hiperbilirrubinemia neonatal. O mecanismo de ação da fototerapia consiste em transformar bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis, por meio de energia luminosa. A eficácia do tratamento depende da concentração inicial de bilirrubina antes do tratamento, a superfície corporal exposta à luz, a dose e a irradiação emitida e o tipo de luz utilizada. Este trabalho objetiva analisar a relação entre os níveis séricos de bilirrubina e o tipo de fototerapia utilizada em recém-nascidos com icterícia neonatal fisiológica em um Hospital Universitário do interior do Estado do Rio Grande do Sul. O estudo constitui-se em um corte transversal, descritivo, com abordagem qualitativa e quantitativa. A pesquisa foi realizada na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI), Maternidade e Pediatria do hospital universitário, caracterizado como um hospital geral. Foram objeto de estudo todos os neonatos nascidos em 2011, que foram registrados com o CID de icterícia neonatal não especificada. Utilizaram-se os prontuários das mães dos recém-nascidos ou, quando existente, do próprio neonato, para análise dos dados de pré-natal (idade gestacional, tipagem sanguínea, patologias associadas, raça, entre outras) e dados do parto (tipo de parto, peso ao nascer, presença de icterícia, entre outros). Com a presença dos dados dos prontuários, foi utilizada uma revisão bibliográfica em artigos sobre icterícia neonatal e em livros da área de Pediatria. O estudo foi prejudicado pelo viés de seleção, devido a muitos recém-nascidos apresentarem outras patologias associadas à icterícia e classificados com outro CID que não o de Icterícia neonatal não-especificada, reduzindo a amostra analisada.Foram analisados 27 recém-nascidos (RNs). Quanto ao tipo de fototerapia, 16 RNs realizaram fototerapia simples, 6 RNs fototerapia dupla e 5 RNs fototerapia tripla. Foi analisada a relação da média da idade gestacional com o tipo de fototerapia, peso ao nascer, idade no momento da internação e bilirrubina total no momento da internação realizada. Observou-se que os que tiveram idade gestacional menor, média de 37,8 semanas, necessitaram de um tratamento mais intenso, utilizando fototerapia tripla. A média de bilirrubina total ao internar foi de 15,15 mg/dL. Os neonatos que ficaram mais dias internados, entre 5 a 9 dias, foram os que apresentaram níveis de bilirrubina maiores no dia da internação (média de 20,6 a 21,4). Isso confirma a necessidade de maior quantidade de dias de tratamento com fototerapia para aqueles que tiveram o nível de bilirrubina acima da média. Após análise e discussão dos dados, concluiu-se que a fototerapia simples foi o tratamento mais utilizado na amostra, visto que a maioria dos recém-nascidos analisados eram saudáveis, a termo e adequados para a idade gestacional (IG). No entanto, pequenas diferenças entre os recém-nascidos foram determinantes para mudanças no tratamento, como IG menor (média de 37,8 semanas) e RNs com mais dias de vida (média de 5,2 dias) tiveram relação com o tipo de fototerapia utilizada (tripla).


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