TECENDO REDES EM SAÚDE MENTAL: ESTUDO SOBRE ENCAMINHAMENTOS A UM SERVIÇO-ESCOLA DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

EDNA LINHARES GARCIA, CARINE GUTERRES CARDOSO, EMANUELI PALUDO

Resumo


A pesquisa 223Tecendo Redes em Saúde Mental: o papel do Serviço Integrado de Saúde (SIS) neste contexto224 foi desenvolvida no Serviço Integrado de Saúde (SIS), na Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), como prática de estágio do curso de Psicologia. O objetivo do estudo foi entender, via análise dos encaminhamentos recebidos no serviço, de que forma a rede de atenção à saúde de Santa Cruz do Sul e região se organiza e qual o papel deste serviço-escola no contexto do trabalho em rede. O ponto de partida da pesquisa foi a inquietação causada pelo elevada quantidade de encaminhamentos à rede e o grande número de desistência dos pacientes após curto período de acompanhamento psicológico no SIS. Foram analisados 309 prontuários arquivados de 2010 e 2011, sendo 60,5% mulheres e 39,5% homens, predominando a faixa etária de 11 a 15 anos de idade (17,8%). No momento dos atendimentos, 91,6% dos pacientes residiam em Santa Cruz do Sul, 73,8% desligaram-se do SIS em 2010 (abandono do tratamento ou alta) e 26,2%, em 2011. O tempo de acompanhamento no SIS foi de um a três meses (51,8%) e de quatro a seis meses (17,2%), sendo que destes, 72,5% abandonaram o acompanhamento psicológico e 21,7% obtiveram alta, havendo o falecimento de um paciente no período que abrangeu a pesquisa. A busca de forma espontânea predominou como chegada ao serviço (31,7%). Dos casos de encaminhamento, em 39,2% havia documentos de referência e 28,8% não havia indícios de contrarreferência. A maioria dos encaminhamentos provinha de serviços da UNISC (24,9%) e da atenção especializada (23,3%); escolas e a atenção básica também encaminharam, e totalizaram 5,2% e 4,5%, respectivamente. Em 17,2%, o profissional responsável pelo encaminhamento foi o médico e em 14,2% dos documentos não havia esta informação. Com relação ao motivo ou a causa para o encaminhamento, em 17,5% dos casos não constava esta informação, demonstrando preenchimento incorreto do documento; 11% informam como motivo 223traços depressivos224, congruente com o motivo que o paciente descreveu durante os atendimentos como sua principal queixa (traços depressivos: 26,9%). A partir desses dados, observa-se que este serviço-escola possui um papel fundamental na rede de atenção a saúde mental, pois presta assistência a um grande número de sujeitos que se apresentam em sofrimento. Percebe-se ainda a necessidade de uma melhor articulação da rede, pois há fragilidades na comunicação entre os serviços e na formação em saúde, como apontam os dados de preenchimento incorreto dos documentos de referência e contra-referência. Do mesmo modo, os dados dessa pesquisa (re)afirmam o SIS como um local de suporte para a rede, em vista da grande demanda, e também aponta para a necessidade de qualificação das práticas de ação intersetorial. Uma rede bem articulada traz benefícios diretos e indiretos como: maior resolutividade dos serviços; diminuição de duplicidade de ações, o que minimiza os gastos em saúde; o paciente encontra soluções para suas problemáticas em seu próprio território, entre outros. Em síntese, este estudo objetivou encontrar um entendimento sobre os encaminhamentos feitos ao SIS para, deste modo, aumentar os vínculos com outros serviços, fortalecendo o trabalho em rede.


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