O uso indiscriminado ou inapropriado de antimicrobianos pode acelerar o surgimento de cepas bacterianas resistentes. Aproximadamente, 75% dessa classe de medicamentos são prescritos de forma inapropriada e, em média, 50% dos pacientes recebem esses medicamentos de modo incorreto. O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise do perfil de dispensação dos medicamentos antimicrobianos que possuem um maior controle pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de um Hospital de grande porte situado na cidade de Santa Cruz do Sul - RS, assim como quantificar as classes dos antimicrobianos mais utilizados e o uso de antimicrobianos por unidade de internação, identificar e apontar a importância do farmacêutico no processo e promover o uso racional dessa classe de medicamentos. É de suma importância avaliar se essa prática é realizada de maneira prudente, pois o uso irracional pode trazer danos para o paciente bem como para o hospital, criando resistência bacteriana e agravando infecções hospitalares. A coleta dos dados foi realizada, durante os meses de abril e maio, nos prontuários dos pacientes e no sistema informatizado do hospital. As informações colhidas 226 sexo, idade, unidade de internação, motivo da internação, dias de internação, cultura bacteriana, antibiograma, antimicrobianos utilizados, tempo do tratamento, justificativa dada pelo médico e motivo de devolução da medicação 226 foram registradas em uma ficha de coleta de dados. Foram estudados 43 prontuários, sendo 55,8% pacientes do sexo feminino e 44,2% do sexo masculino; 39,5% tinham mais de 60 anos; 48,9% estiveram internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI); em 16,3% dos casos, o motivo de internação foi septicemia e prematuridade; 17,7% das culturas bacterianas tiveram desenvolvimento de Pseudomonas spp.; 27,3% das resistências apresentadas foram as cefalosporinas de 3° geração. O meropenem foi o medicamento mais prescrito: 38,1% dos casos; infecção foi a justificativa de uso em 84,7% dos casos; 1,9 foi a média de antimicrobianos prescritos por pessoa; e 8,5 foi a média de dias de tratamento. A dispensação dos antimicrobianos deve ser feita de forma racional: é preciso avaliar a real necessidade do seu uso, escolher o antimicrobiano adequado e indicar a posologia correta. Este estudo mostra que o número de antimicrobianos por paciente e o tempo de tratamento representam os maiores problemas no processo de dispensação estudado. O profissional farmacêutico tem um papel muito importante no combate à resistência bacteriana por meio do uso racional dos medicamentos antimicrobianos e deve fazer parte da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar onde desenvolve atividades como o controle da dispensação de antimicrobianos através de Fichas de Antimicrobianos; o controle do tempo de uso de Antimicrobianos, de acordo com a previsão do tratamento; e a participação ativa nas visitas clínicas da instituição. Palavras-chaves: infecção hospitalar, farmácia hospitalar, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), antimicrobianos, uso racional de antimicrobianos, resistência bacteriana.