PACIENTES DO CAPS QUE SE SUICIDARAM: ESTUDO A PARTIR DA ANALISE DE PRONTUÁRIO E ENTREVISTA COM FAMILIARES
Resumo
Este trabalho é fruto de uma atividade obrigatória do Estágio Supervisionado em Psicologia da UNISC, realizado no CAPS II de Santa Cruz do Sul. Trata-se de uma pesquisa sobre os pacientes do serviço que se suicidaram nos anos de 2008, 2009 e 2010. O suicídio é um fato complicado, com diversas causas, que abala, além de suas vítimas, os sobreviventes, familiares e amigos próximos.240Envolve profissionais de saúde e de outros setores que, direta ou indiretamente, lidam com o problema, necessitando, sempre, de capacitação e da participação de todos na sua prevenção. Sendo um serviço especializado em saúde mental cuja principal proposta é cuidar e dar atenção específica a pessoas em grave sofrimento psíquico, o CAPS tem papel fundamental na prevenção do suicídio. A equipe procura trabalhar na prevenção visando à redução do número de suicídio, das tentativas e danos associados aos comportamentos suicidas. O objetivo da pesquisa foi identificar: se havia sinais de ideação suicida nos últimos240seis meses que antecederam o suicídio; se os familiares perceberam mudanças de comportamento e atitudes que poderiam estar sinalizando um agravamento do caso; se os familiares e profissionais da saúde tiveram conhecimento de pensamentos, ideias, planejamento e tentativa de suicídio nos seis meses que antecedem o suicídio. A coleta dos dados foi feita a partir da análise dos prontuários e do relato dos familiares. Os entrevistados assinaram o Termo do Consentimento Livre e Esclarecido, e as entrevistas com os familiares foram gravadas e transcritas na íntegra. A partir do estudo dos prontuários e das entrevistas foi analisada cada situação, buscando identificar relações, causas, significados, comportamentos e aspectos necessários para compreensão de cada caso. No período pesquisado, quatro pacientes do CAPS se suicidaram. A amostra prevista foi de oito pessoas, correspondendo a dois familiares de cada paciente, sendo um da família constituída e outro da família de origem. Nas entrevistas levaram-se em consideração quatro eixos: informações de como ocorreu o fato, identificação da ideação suicida, mudanças significativas na vida nos últimos seis meses que antecederam o suicídio e itinerário nos serviços de saúde e adesão ao tratamento. Nos casos analisados percebe-se que houve busca de tratamento e movimento dos profissionais de prevenção ao suicídio, os familiares estavam cientes de que o paciente estava passando por tratamento e, em dois casos, houve mudanças significativas na vida do paciente nos seis meses que antecederam o suicídio. Fica evidente a necessidade e a importância de identificar precocemente a ideação suicida, bem como a inserção da família no tratamento. Pensando no CAPS com vistas ao cuidado integral e o cuidado com pacientes de risco, as práticas na atenção primária precisam englobar ações de saúde mental visando à prevenção do comportamento suicida, utilizando técnicas relacionais: paciente → CAPS → família, tais como o fortalecimento de vínculos, tanto com o paciente quanto com o familiar. Destaca-se a necessidade de constituição de redes sociais no setor saúde, como possibilidade de congregar vários parceiros e oferecer alternativas de abordagem e atendimento aos usuários com comportamento suicida e, ainda, a importância de valorização dos fatores psicossociais e o quadro psicopatológico do paciente, tanto pelos profissionais da saúde quanto pela família.
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