AÇÕES DE SAÚDE DESENVOLVIDAS NO ATENDIMENTO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE ABORTAMENTO

MARIA SALETTE SARTORI, CAMILA CARDOSO RODRIGUES

Resumo


Diferentes autores destacam que a temática do aborto tem sido avaliada sob vários aspectos 226 dos que situam sua análise a partir do ponto de vista biológico às questões ético-legais e outras abordagens que implicam a busca de domínios de conhecimentos e de ações 226 para que os profissionais de saúde sejam instrumentalizados na realização de um cuidado que inclua um conceito de integralidade e de humanização da assistência e, onde, em tese, se promova o exercício da interdisciplinaridade. Saúde e doença são objetos multifacetados, e a Atenção Básica, em especial as Estratégias de Saúde da Família 226 ESFs 226 têm sido o lócus privilegiado para o desenvolvimento de tais questões. Portanto, as questões que se colocam para este estudo são: Quais são as ações de saúde, realizadas com mulheres em situação de abortamento, usuárias de ESFs, de um Município de Médio porte, na região Centro Serra240do Estado do Rio Grande do Sul? O que fazem os profissionais? Que ações desenvolvem? Como se identificam com conceitos de humanização? Qual é seu grau de resolutividade dessas ações? O aborto é considerado um fator traumático na vida da mulher, e Motta (2005), em seu estudo sobre o olhar dos profissionais frente ao problema, afirma que a recuperação da paciente não depende somente de seu estado fisiológico, mas também de fatores psicológicos, sociais e familiares, pois, além de correr risco de vida, essas mulheres também estão expostas às reações dos profissionais de saúde. O Ministério da Saúde (2011) preconiza que a assistência à mulher pós-abortamento é primordial na qualidade da atenção, com serviços que garantam acolhimento, informação, aconselhamento, tecnologia apropriada disponível e relacionamento pessoal, priorizando o respeito, a dignidade e os direitos sexuais e reprodutivos da mulher. 240Santos (2010), ao se referir ao cuidado profissional com mulheres que vivenciaram um processo de abortamento, ressalta que os enfermeiros, juntamente com suas equipes, devem permanecer atentos aos sinais que possam colocar risco à vida de mulheres que chegam aos serviços de saúde nessas situações. E a assistência necessita ser planejada individualmente, levando em consideração aspectos biopsicoemocionais, o que pode resultar em um sucesso maior de cuidado humanizado. Tais questões remetem, em profundidade, aos princípios do Sistema Único de Saúde, tais como equidade, acesso, humanização e referência, quando necessário. A pesquisa sobre as ações desenvolvidas por profissionais de saúde no atendimento a mulheres em situação de abortamento será desenvolvida nas Estratégias de Saúde da Família, indicadas pelos gestores dos serviços. O instrumento de coleta dos dados será a entrevista semiestruturada, e a análise qualitativa dos dados terá como base os orientadores de (MYNAIO 2007) em que categorias e subcategorias serão construídas a partir da fala dos profissionais que se envolvem na atenção às usuárias. Espera-se, com isso, contribuir para a continuidade reflexiva, para produzir uma atenção em saúde humanizada, consciente dos limites e das contradições240 vivenciadas no cotidiano de profissionais que se envolvem no cuidado, mas também de desejo de se apropriarem de mecanismos propulsores das possibilidades que existem no microespaço do cotidiano de uma ESF.


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