PERFIL EPIDEMIOLOGICO DE UMA POPULAÇÃO CARCERÁRIA FEMININA
Resumo
Introdução: As pessoas privadas de liberdade apresentam problemas de saúde, dependências, transtornos mentais, que são gradualmente agravados pela precariedade das condições de confinamento e falta de informação em que se encontram. Objetivo: traçar um perfil sóciodemográfico e de saúde das mulheres encarceradas no Presidio Regional de Santa Cruz do Sul. Métodos: No período de abril a agosto de 2012 foram realizadas entrevistas utilizando um questionário contendo perguntas 240estruturadas. Os dados coletados foram tabulados em planilha Excel. Os resultados foram descritos em números absolutos e percentuais. Além disso, foram propostos temas para realização de oficinas educativas onde as mesmas terão acesso às informações sobre saúde. 240Resultados: Todas as mulheres privadas de liberdade no Presidio Regional de Santa Cruz do Sul foram entrevistadas, totalizando 21 mulheres. O tempo de confinamento destas variou de 4 dias a 3 anos e 5 meses, sendo a média 6 meses. A idade das detentas varia entre 25 a 35 anos. 240Após analise dos dados das entrevistadas, foi possível traçar um perfil epidemiológico do grupo. Treze (61%) possuem união estável, 14 (66%) tinham um vínculo empregatício antes de serem presas, 15 (71%) são de cor branca, 13 (61%) referem ensino fundamental completo, 18 (85%) mulheres têm filhos, 10 (47%) recebem algum beneficio do governo. O motivo da prisão foi o tráfico de drogas para 14 (66%) mulheres, sendo que 12 (57%) estão pela primeira vez em um presídio. 240Com relação à atividade sexual, 15 (71%) referem ter relacionamento sexual com outros presidiários. Apenas 1 (4%) referiu não ter tido relacionamento sexual nos dois últimos anos. Três mulheres (14%) nunca realizaram exame de HIV. Com relação ao uso de drogas, 9 (42%) eram usuárias de drogas ilícitas, sendo que 240apenas 1 (4%) fez tratamento para a dependência. Um total de 9 (42%) mulheres não estão em dia com o pré-câncer. Sete mulheres (33%) fizeram vacina para Hepatite B e 12 (57%) estão em dia com a vacina antitetânica. Conclusão: Diante dos resultados apresentados, é necessário investigar como está o sistema carcerário em nossa região, sobretudo no que se refere ao direito à saúde. As mulheres encarceradas compõem uma população de risco para infecções transmitidas por via sexual e para infecções crônicas, pois apresentam, com frequência, comportamentos de risco que incluem atividades relacionadas ao uso de drogas e a promiscuidade. A população carcerária deve ser alvo de campanhas de prevenção que visam ao controle destes problemas de saúde pública e também conscientizar presidiárias ainda não infectadas a evitar comportamentos de risco. Além disso, é de grande importância a implantação de testes diagnósticos de rotina logo no início da detenção, possibilitando o diagnóstico e o tratamento precoce das infecções.
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