GEO-REFERENCIAMENTO EM SAÚDE: NOVAS TECNOLOGIAS NA TERRITORIALIZAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA

LARA FRANCOISE GODINHO ARRUDA, MARILUZA SOTT BENDER, KELLEN NUNES RODRIGUES

Resumo


A Estratégia de Saúde da Família (ESF) é um conjunto de ações que promove atividades nos âmbitos individual e coletivo, trabalhando além do diagnóstico, tratamento e reabilitação da saúde, com a promoção, proteção e manutenção da saúde e a prevenção de agravos. São ações dirigidas à populações de territórios delimitados, as chamadas microáreas, pelas quais a ESF assume a responsabilidade sanitária, considerando as características e a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações (BRASIL, 2009). Esse trabalho tem por objetivo descrever uma das mais recentes tecnologias utilizadas na territorialização, considerado o ponto de partida para o planejamento das ações de vigilância em saúde, chamado geo-referenciamento em saúde. A fim de cumprir com os princípios do SUS, a ESF do bairro Pedreira, de Santa Cruz do Sul, iniciou o mapeamento de sua área adstrita com o desenho manual do mapa das microáreas de abrangência do ESF, em 1999, objetivando identificar as famílias cadastradas na ESF. Esse instrumento foi sendo aperfeiçoado, possibilitando o mapeamento dos agravos, dos fatores de risco e das redes comunitárias possíveis, se tornando um importante recurso para visualização do diagnóstico de comunidade e para o planejamento de ações de vigilância em saúde. As inovações tecnológicas permitiram a parceria da equipe de saúde da família com o setor de geo-processamento do município, que possibilitou o mapeamento da área através de imagens via satélite, em tempo real, pelo Google Earth, dessa forma inserindo outros dados por domicílios, facilitando as alterações nos registros e ampliando o olhar sobre os agravos e vulnerabilidades da comunidade. Em abril de 2010, com a inserção dos acadêmicos do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-SAÚDE), nas ESFs, os bolsistas passaram a se responsabilizar por diferentes microáreas, juntamente com a agente comunitária de saúde de referência, o que contribuiu para acrescentar ao mapa novas situações de risco e redes comunitárias a serem tecidas, colocando-os em contato com a realidade comunitária e permitindo um olhar mais crítico que atenda às necessidades da população acompanhada, sendo possível um momento de trocas significativas do saber, fazer e aprender na comunidade, com equipe de saúde e na academia. O geo-referenciamento em saúde traz resultados positivos no processo de trabalho, pois permite a impressão de mapa atualizado, onde são trabalhados os dados do Sistema de Informação em Atenção Básica (SIAB), identificando com alfinetes coloridos domicílios com deficientes físicos, diabéticos, acamados, alcoólicos, hipertensos, epilépticos, com hanseníase, com tuberculose, e situações de risco, além das redes comunitárias como escolas, creches e associações, entre outras, com o objetivo de dar maior visibilidade aos problemas encontrados e possíveis formas de diminuí-los, através de ações conjuntas com a comunidade. Portanto, podemos concluir que a introdução de novas tecnologias no trabalho das equipes de ESF, como o geo-referenciamento em saúde, permite vislumbrar as fragilidades e potencialidades do território comunitário, sendo um importante instrumento de trabalho para profissionais das equipes organizarem suas ações de vigilância em saúde e sendo uma prática de trabalho que oportuniza ao acadêmico uma aproximação da realidade comunitária, contribuindo com sentido para a construção do conhecimento.


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