PRÁTICAS DE CUIDADOS E A HUMANIZAÇÃO EM SAÚDE: EXPERIÊNCIA NO SERVIÇO INTEGRADO DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL DO HOSPITAL SANTA CRUZ

ALINE BADCH ROSA, LILIAN RODRIGUES DA CRUZ, LETICIA MAISA EICHHERR

Resumo


O presente trabalho descreve a experiência de Estágio Integrado em Psicologia - atividade curricular do curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul - no Serviço Integrado de Atendimento Psicossocial do Hospital Santa Cruz. O objetivo é refletir sobre a inserção da estagiária em diferentes unidades de cuidado em saúde a partir de diferentes práticas da psicologia. A psicologia clínica no Hospital Santa Cruz estende-se a todas as unidades: internação adulta e pediátrica, maternidade, Unidades de Terapia Intensiva Adulta e Neopediátrica, Unidade de Cuidados Intermediários, Bloco Cirúrgico, Centro Obstétrico, Ambulatório e Pronto Atendimento. Com isso, aponta-se um diferencial do contexto hospitalar: o setting terapêutico que não é definido e preciso, pois os atendimentos são realizados à beira do leito, em enfermarias, em salas de espera e em meio ao trabalho de outras equipes. A partir das diretrizes da Política Nacional de Humanização e, considerando o método da tríplice inclusão - inclusão dos diferentes sujeitos, inclusão dos analisadores e fenômenos sociais e inclusão do coletivo - a prática de estágio busca ações que fomentem a construção de saberes, instigando a reflexão acerca dos cuidados dispensados e dos cuidados promovidos. Uma dessas refere-se à participação no Grupo de Trabalho de Humanização, em fase de (re) consolidação no Hospital Santa Cruz, que tem permitido a discussão das práticas dos diferentes profissionais e a forma como as relações têm se estabelecido para com o(s) outro(s). Outra ação é a análise e intervenção institucional, que problematiza a transversalidade dos instituídos e a Política Nacional de Humanização, buscando intervenções sistemáticas e cotidianas no hospital. Uma terceira atividade será a realização de dois grupos terapêuticos, como forma de envolver os diferentes sujeitos nas práticas de cuidado. Um deles é destinado aos acompanhantes de pacientes adultos internados e o outro, aos pais de pacientes da Unidade de Terapia Intensiva Neopediátrica e da Unidade de Cuidados Intermediários. Ambos os grupos permitem a troca de experiências, questionamentos, reflexões e construção de saberes acerca da internação, dos sentimentos vivenciados no cotidiano hospitalar, bem como das possibilidades de autonomia no que se refere aos cuidados para com os sujeitos. Nesse sentido, pensar em práticas "psi" para além dos atendimentos à beira do leito e de acompanhamentos psicológicos, neste momento da formação profissional, tem sido uma experiência enriquecedora na construção de saberes acerca das diferentes formas de cuidados, permitindo a compreensão da importância do outro, como ser participante, autônomo e responsável e que necessita ter sua singularidade valorizada e os processos de seu adoecimento concebidos como um fenômeno biopsicossocial. Partilhar estas problematizações fomenta os coletivos e oportuniza repensar a atividade do psicólogo no campo hospitalar, o qual por si só, já é um local com inúmeros procedimentos invasivos e não nos cabe ser mais um deles. Ressalta-se, por fim, a não busca por conclusões, mas sim interrogações permanentes sobre as práticas que envolvem os processos de saúde-doença e a autonomia dos sujeitos no que se refere à inclusão destes nos cuidados consigo e com o outro.


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