ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIA FITOPATOGÊNICA EM SANSEVIERIA CYLINDRICA
Resumo
Os vegetais são continuamente expostos a diversos tipos de patógenos, o que os torna susceptíveis a doenças. Uma vez que o patógeno infecta a planta, passa a usá-la como substrato para seu próprio crescimento. A planta ornamental Sansevieria cylindrica, conhecida popularmente como espada-de-são-jorge ou lança-de-são-jorge é frequentemente encontrada em jardins por todo o Brasil e pode atuar como hospedeira de bactérias do gênero Xanthomonas, sendo que o principal sintoma é a podridão úmida que destrói os tecidos vegetais, matando a planta. Este estudo teve como objetivo isolar e identificar uma bactéria proveniente de folhas sintomáticas de Sansevieria cylindrica e foi desenvolvido no laboratório de Microbiologia durante a disciplina de Prática de microrganismos III, do Curso de Ciências Biológicas da UNISC. Para isolamento do agente causal foram retirados fragmentos de tecido vegetal infectado e de tecido sadio, que foram depositados em placa de Petri estéril para desinfecção com álcool 70% e hipoclorito a 2%, e posterior lavagem com água destilada estéril. Em seguida, o material foi macerado para obtenção de um extrato da planta que foi semeado em placas contendo ágar NYDA que foram incubadas a 30ºC por 48 horas. Após incubação observou-se colônias mucóides de pigmentação amarela, superfície lisa, circulares, com bordos lisos e Gram negativas. A identificação da bactéria isolada foi feita por meio de provas bioquímicas que obtiveram os seguintes resultados: fermentação da glicose positiva, lactose negativa, produção de H2S negativa, indol negativo, motilidade positiva, lisina positiva. As provas de urease, hidrólise do amido e crescimento em Mac Conkey, hidrólise da gelatina, proteólise do leite e catalase foram positivas. Os resultados preliminares evidenciaram a possibilidade de se tratar de um microrganismo fitopatogênico, assim, para confirmação foi realizado o "teste de patogenicidade" baseado nos Postulados de Koch. Para indução da reação de hipersensibilidade (HR) utilizou-se uma suspensão do microrganismo isolado que foi inoculada em diferentes pontos de uma folha de couve (Brassica oleraceae) utilizando agulha estéril. Como controle negativo foi inoculada uma área com água destilada estéril. O material foi incubado em bolsa de plástico estéril a 30ºC e os resultados observados após 24, 48 e 72 horas. O micro-organismo não induziu HR na planta hospedeira. Conforme Romeiro (2005) é comum observar-se que alguns fitopatógenos, independentemente do gênero a que pertencem, podem incitar HR em algumas, mas não em todas as plantas não hospedeiras testadas. Também foram realizados testes de atividade antibacteriana através da técnica de ágar-difusão em disco (Benitez et al., 2011) utilizando-se os extratos metanólicos das plantas espinheira-santa e boldo frente ao microrganismo isolado da S. cylindrica. O extrato de boldo apresentou halos de inibição do crescimento da bactéria maiores que o da espinheira-santa, sugerindo maior potencial antimicrobiano. A análise fenotípica da bactéria isolada neste estudo indicou que possivelmente a S. cylindrica é hospedeira de uma bactéria do gênero Xanthomonas, agente da podridão úmida que destrói as folhas e mata a planta. Referências BENITEZ, L.B. et al. (2011). Antimicrobial activity of Bacillus amyloliquefaciens LBM 5006 is enhanced in the presence of Escherichia coli. Current Microbiology, 62: p. 1017-1022. ROMEIRO, R.S. (2001). Métodos em bacteriologia de plantas. Viçosa: UFV, 279 p.
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