TRACIONAMENTO ORTODÔNTICO DE INCISIVO CENTRAL SUPERIOR PERMANENTE COM DILACERAÇÃO RADICULAR SEVERA: RELATO DE CASO CLÍNICO DO PROJETO DE EXTENSÃO "CORRENTE DO BEM RIO PARDO"
Resumo
O dente pode ser anatomicamente dividido em uma porção coronária, geralmente exposta ao meio bucal, e uma porção radicular, geralmente inserida nos maxilares e não visível ao exame físico intraoral. O processo de formação dentária, ou odontogênese, é iniciado pela formação da coroa e continuado pela formação da raiz do dente. Normalmente o dente tem o seu longo eixo alinhado perpendicularmente ao vetor das forças mastigatórias que incidem sobre ele. Porém, em alguns casos, pode ocorrer uma angulação anormal da raiz e, menos frequentemente, da coroa dentária. A etiologia da dilaceração radicular está comumente relacionada a um traumatismo na dentição decídua durante a formação da raiz do dente permanente, ou ao desenvolvimento ectópico do germe dentário. Em muitos casos, a retenção intraóssea do dente pode ocorrer, acarretando na ausência clínica do dente permanente. Este é um sinal importante que deve ser avaliado radiograficamente e pode levar ao diagnóstico de dilaceração radicular. O tratamento para tal condição depende do grau de dilaceração e da localização do dente acometido. Em casos mais severos, a perda do dente é uma consequência comum. Uma abordagem mais conservadora seria o tracionamento ortodôntico do dente na tentativa de corrigir a angulação de sua porção coronária na medida do possível. O objetivo deste relato de caso clínico é documentar o tracionamento ortodôntico de um incisivo central superior permanente com dilaceração radicular severa. A paciente I.F.C, faioderma, sexo feminino, 8 anos de idade, compareceu no ano de 2009 ao Projeto de extensão Corrente do Bem Rio Pardo com a queixa principal de atraso na erupção de um incisivo. Clinicamente, foi constatada a ausência do incisivo central superior permanente do lado esquerdo. Radiograficamente, pode-se observar que este dente apresentava dilaceração radicular severa e estava retido. O tratamento proposto foi o tracionamento ortodôntico do dente 21. Após moldagem das arcadas superior e inferior, um aparelho removível foi confeccionado. A cirurgia de acesso para ancoragem e tracionamento deste dente foi realizada em outro município. O tracionamento foi feito com fio e borrachas ortodônticas. Aproximadamente 3 meses após o procedimento cirúrgico, a coroa do dente estava parcialmente erupcionada. Para melhorar sua posição e alinhamento com os dentes adjacentes, foi feita a colagem de um botão ortodôntico próximo à cervical do dente 21. Através de um novo aparelho removível, o tracionamento foi continuado juntamente com a expansão maxilar feita com o uso de um parafuso expansor incorporado a este aparelho. Dentro das limitações do caso e levando-se em consideração que o tratamento alternativo seria a exodontia deste dente, o resultado atingido foi satisfatório, restaurando estética e função. Porém, a paciente necessita de um aparelho fixo para corrigir outras questões ortodônticas de seus maxilares e concluir seu tratamento. Em sumo, uma abordagem conservadora pode ser adotada em alguns casos de dilaceração radicular severa e o tracionamento ortodôntico com aparelho removível é eficaz, com baixo custo, fácil confecção e de aplicação simplificada na clínica.
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