A Educação Ambiental (EA) desde seu surgimento apresenta características que se enraízam, por assim dizer, na relação da educação formal das crianças/adolescentes/adultos, com a educação das comunidades. Uma educação que se fundamenta na busca pela construção de territórios múltiplos para o ensino-aprendizagem, espaços para o exercício da cidadania, precisa exceder o universo da formalidade da escola e das Instituições de Ensino Superior (IES), passando a permear os espaços de discussão das comunidades. No momento em que as comunidades se apropriam da discussão em torno da EA, compreendendo sua função no seu universo cotidiano, é que ela se torna efetiva, sendo capaz de desenvolver seu potencial transformador da realidade. O binômio EA-Extensão, deste modo, pode ser entendido como um território de possibilidades. É neste sentido que se desenha o artigo que segue, apresentando uma reflexão sobre um projeto de extensão universitária que está sendo desenvolvido junto à comunidade do bairro Margarida, em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul. O projeto atém-se ao desenvolvimento de atividades que vinculam meio ambiente, justiça ambiental, exercício da cidadania e desenvolvimento. Está sendo desenvolvido desde julho de 2012, através de encontros semanais de um grupo formado por representantes da universidade (mediadores) e representantes da comunidade. As reuniões, conduzidas a partir da metodologia freiriana de estímulo à participação por centros de interesse, compreendem espaços para a discussão de temas-geradores, realização de oficinas de formação, bem como a apresentação das inquietações da comunidade a representantes do poder público e de outras entidades do município. Observa-se que os encontros realizados, nos quais estão sendo abordadas temáticas que se encontram no interstício entre as Ciências Ambientais e as Ciências Sociais, têm se convertido em instrumentos de desenvolvimento, no seu sentido mais amplo - desenvolvimento como atributo de liberdade. Isso se pode afirmar observando-se alguns dos resultados que mostram articulação do saber ambiental com o exercício da cidadania: o grupo participante elaborou um projeto comunitário que compreende a escrita de um livro com o resgate da história do bairro; um blog que já está na internet relatando as ações do grupo, informando aos demais membros da comunidade e convidando à participação outras pessoas/entidades; a formação de uma biblioteca comunitária; a constituição de um grupo de trabalho com crianças e adolescentes; a maioria dessas ações já está em andamento, e outras em fase de projeto.