O cuidado com portadores de HIV/AIDS, doença que surgiu nos anos 80 no Brasil, é de suma importância, pois se trata de uma doença que ultrapassa o campo biomédico e adentra aos campos psicológicos e sociais. É uma patologia carregada de preconceitos, discriminações, medos, inseguranças, solidão e incertezas. Este trabalho foi desenvolvido na disciplina de Estágio Básico II - Processos Institucionais e tem por objetivo compreender as interlocuções e os percalços que os serviços de saúde vivenciam em sua prática cotidiana, visando explorar os fenômenos humanos que perpassam o local. O estudo foi realizado numa cidade do interior do estado do Rio Grande do Sul, em um Centro de Referência no Atendimento à Sorologia. A amostra do estudo é composta por profissionais que trabalham e atuam no Centro de Referência. A coleta de dados foi realizada com os profissionais de forma individual,através de entrevista dirigida, visando a possibilitar o surgimento de questões que em grupo poderiam ficar ocultas. O instrumento foi um questionário semi-estruturado que guiou as conversas com os profissionais que compunham o serviço. As entrevistas foram realizadas nos setores de atuação de cada profissional dentro do serviço e os horários foram combinados previamente com o serviço. Foram realizadas dez entrevistas buscando contemplar todas as áreas de atuação: técnicos de enfermagem, médico, enfermeiro, recepcionista, redutor de danos, assistente social, psicóloga e serviço geral. Buscou-se saber de cada profissional questões referentes aos serviços realizados por eles, questões relacionadas às dificuldades e facilidades encontradas, questionamentos sobre o trabalho em equipe e também sobre a questão do preconceito que o serviço se depara no seu cotidiano, por trabalhar com uma doença tabu, que é o HIV/AIDS. Por fim, este trabalho possibilitou um olhar ampliado para as diferentes dinâmicas que ocorrem em uma instituição. O trabalho em equipe é uma grande preocupação da instituição, é uma busca constante dos trabalhadores que algumas vezes acabam por não perceber o dinamismo e as nuances deste trabalho que, em certos momentos, pode ser multidisciplinar; em outros momentos pode ocorrer de forma interdisciplinar e também pode ser impedido de ocorrer, devido a outros fatores. Já o preconceito, por estes trabalhadores que vivenciam em seu cotidiano a diversidade e o tabu de lidar com questões de sexualidade bem como do HIV/AIDS, surge como algo pejorativo e não como uma limitação própria do ser humano, fazendo com que, em alguns momentos, esta limitação seja negada ou apareça de forma velada. Portanto, pode-se finalizar este estudo como uma atividade que despertou reflexões acerca das práticas e do contexto institucional, destacando aspectos importantes das práticas da equipe e também do trabalho realizado neste Centro de Referência à Sorologia como fundamentais no tratamento e prevenção aos usuários e pacientes que necessitam.