TRANSMISSÃO TRANSGERACIONAL, CICLOS E PAPÉIS QUE SE REPETEM: UM ESTUDO DE CASO.

DULCE GRASEL ZACHARIAS, MARCIO ANDRE SCHIEFFERDECKER

Resumo


O presente trabalho objetiva uma análise dinâmica acerca de um caso clínico de uma paciente de 50 anos de idade, mãe de três filhos, divorciada, atendida em um serviço de saúde do município de Santa Cruz do Sul - RS, que referia dificuldades de relacionamento na família. Este estudo de caso abordará a temática da transmissão de padrões de relacionamentos familiares que se repetem de uma geração a outra, gerando conflitos e ciclos viciosos, em uma família que transita entre nuclear, monoparental e recasada, analisada através da perspectiva psicológica sistêmica. Na contemporaneidade as famílias podem passar por diversas etapas e transformações e é com freqüência que casamentos, divórcios e recasamentos acontecem em nossa sociedade. O aumento das separações nos últimos anos fará com que, cada vez mais, o divórcio seja a principal variação dos ciclos de vida que a maior parte das famílias atravessa. As mudanças ocorridas na família no decorrer das décadas estão relacionadas a um ajustamento ou adaptação ocorridos de acordo com as circunstancias, a cultura e as diferentes fases pelas quais ela passa e os padrões do cerne de cada família tendem a mudar conforme os filhos crescem. Neste sentido, as pessoas que compõem a família nuclear tendem a "estender" e reproduzir o funcionamento das suas famílias de origem. Além disso, os casais com situações conflituosas são mais propensos para entrar em desavenças sobre as questões com os filhos, uma vez que tendem a ter dificuldades em entender o ponto de vista do outro, e não conseguem chegar a um consenso sobre como criar os filhos, as regras da casa, etc. A dificuldade de saber o que é ou não adequado pode gerar inúmeras situações que levam ao "desequilíbrio familiar", ou conflitos familiares, além de atitudes e comportamentos disfuncionais de integrantes da família. No decorrer do tratamento, questões referentes ao modo de lidar com os filhos relacionadas à ideia de conflito de gerações em que adolescentes necessariamente teriam problemas com seus pais, podem ser problematizadas visando romper com a perspectiva de inevitabilidade de atritos por causa de hábitos, regras e moral vigente, a fim de evitar que as dificuldades sejam projetadas de forma simplista e linear, dentro de uma noção de certo e errado socialmente construída. Assim, através da ampliação do foco dos problemas que a família enfrenta, fica o desafio de dar visibilidade às questões da paciente, considerando olhar para a atual configuração familiar e como ela se dá na descrição da mesma, para ajudá-la a sair dos ciclos viciosos que podem ter relação com sua família de origem, bem como dos papéis assumidos e "forjados" no cerne da família de origem.


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