POTENCIALIDADES DE MUDANÇA NOS ATENDIMENTOS DE FAMÍLIA: UM OLHAR DA PSICOLOGIA SISTÊMICA.

DULCE GRASEL ZACHARIAS, ANA PAULA NICOLAY, MARCIO ANDRE SCHIEFFERDECKER

Resumo


Este trabalho visa apresentar um estudo de caso de uma família atendida em um serviço de saúde do município de Santa Cruz do Sul - RS, enfocando as nuances da psicoterapia através da perspectiva da Psicologia Sistêmica. Esta corrente da Psicologia busca lançar o olhar sobre o funcionamento dos indivíduos em seus contextos familiares, considerando também os sistemas que as cercam e compõem - sociedade, cultura, comunidade - e a interação com os mesmos. A ideia de que os indivíduos se afetam mutuamente dentro de um sistema reforça a lógica de tratar todos os integrantes familiares no ambiente terapêutico, a fim de promover mudanças no padrão de interações destes e suas formas de se relacionarem uns com os outros, fortalecendo os vínculos familiares. No que se refere ao caso, o atendimento em função do comportamento disfuncional apresentado a principio por um dos filhos em idade escolar, ecoa de forma significativa no cotidiano da mesma, no momento em que os pais são chamados a assumir a responsabilidade pelo comportamento indesejado do filho. Desta forma, aos poucos a queixa relacionada ao comportamento do mesmo, se transforma, conforme a família consegue expor o que pensa ser o surgimento do problema, bem como questões que referem-se a disciplina, sentimento de pertencimento, questões financeiras, cuidados e educação. Ampliando-se o foco da queixa inicial, possibilita-se que as pessoas resolvam as pendências que perduram e endurecem os papéis familiares. Os sintomas e problemas gerados por diversas questões que assumem forma e função no cerne da família podem, aos poucos, ser ressignificados, circulando pelos integrantes que precisam repensar os laços e interação familiar. A identificação de um dos integrantes da família como sujeito problema ou paciente identificado - PI é comum nos casos de atendimento de família, uma vez que os sintomas também são a melhor forma da família lidar com suas questões. Deste modo, quando os integrantes conseguem pensar além do problema, surgem outras situações, outras demandas, que se aproximam cada vez mais dos papéis cristalizados assumidos na relação dos membros, revelando o que está latente. A partir disso possibilita-se conjecturar a real dimensão das problemáticas relacionadas às questões não resolvidas entre o casal, abarcando diferentes sistemas, que vão desde o trabalho até suas famílias nucleares. As transformações geradas por novas perspectivas podem não corresponder às expectativas dos familiares e os atritos adormecidos no passado dão espaço a novas formas de se reinventar, de ser e se relacionar em família.


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