UM ENCONTRO COM A POESIA EM SALA DE AULA: LUDICIDADE, TEMPO E SUBJETIVIDADE

BRUNA GABRIELA PEREIRA SILVA, FERNANDO MULLER KREBS, ANGELA COGO FRONCKOWIAK

Resumo


O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/CAPES/UNISC visa proporcionar a interação dos acadêmicos de licenciaturas com o ambiente escolar. Na EMEF São Canísio, nós, do Subprojeto 3/Letras-Português, juntamente com a supervisora e professora de Língua Portuguesa, Marcia Simon, estamos desenvolvendo com os 7º e 8º anos, atividades norteadas pelo tema "família", temática proposta pela escola e discutida com os bolsistas de todos os subprojetos durante as reuniões realizadas na capacitação de verão do PIBID/UNISC e na própria escola. Ao longo dos laboratórios de aprendizagem - encontros que acontecem em turno oposto e nos quais planejamos atividades diferenciadas, tanto para os alunos que apresentam alguma dificuldade, quanto para os que manifestam interesse em participar - mantemos o foco em dois dos três eixos estabelecidos pelo Subprojeto de Português: oralidade/dizer e leitura. Optamos em deixar o eixo da escrita em segundo plano devido às dificuldades normalmente encontradas pelos alunos nessa competência, fato que constatamos ao longo de experiências anteriores em diferentes escolas. Abordaremos a escrita em práticas futuras, pois acreditamos que a ênfase na oralidade/dizer e na leitura contribui significativamente para o aperfeiçoamento da escrita. O que pretendemos nesta apresentação é relatar e refletir a respeito de uma oficina em particular, na qual realizamos com os alunos uma dinâmica semelhante à que acontece no projeto Encontros com a Poesia, na Unisc (o referido projeto consiste, resumidamente, na reunião de um grupo de pessoas para ler, oralizar, dizer, fruir e discutir seleções poemáticas). Solicitamos aos alunos que saíssem da sala por alguns instantes para que organizássemos o ambiente. Dispomos as cadeiras em formato de círculo e deixamos uma seleção de poemas sobre cada assento. Pedimos que os estudantes retornassem e explicamos como aconteceria nosso encontro. Primeiro o momento de leitura, depois as oralizações e dizeres e, por fim, os comentários, impressões e dúvidas. O desenvolvimento da dinâmica despertou múltiplas reações, desde o surpreendente silêncio na hora da leitura, até as situações de conflito e o receio dos discentes nos momentos de oralizar ou dizer os textos, com a constante dificuldade de uns escutarem os outros durante as tentativas que faziam. Destacamos, sobretudo, a questão do tempo necessário aos educandos para que se permitam entrar em sintonia com a atividade que proposta e a necessidade de que criação um clima de cumplicidade, no qual possamos incentivá-los à superação de seus medos e obstáculos. Esse foi nosso principal objetivo ao propormos a dinâmica dos Encontros. Consideramos que esta aula exemplar foi muito rica no que se refere aos aspectos subjetivos referentes à maneira como os estudantes interagem com o texto poético e os momentos de leitura e expressão de ideias, desde a criação de um ambiente específico para a atividade, não tão comum no cotidiano escolar, até o desenrolar das ações, no qual se manifestou o caráter lúdico da proposta, envolvendo relações de estranhamento-medo-vergonha-recusa, tensão-dúvida, experimentação-superação-aprendizado-descoberta-prazer. Enfim, o que apresentamos aqui é um relato reflexivo acerca dessa experiência, destacando os aspectos que mais nos chamaram a atenção, sobretudo os que dizem respeito à subjetividade presente nas relações humanas em sala de aula.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.