GRUPO COM CRIANÇAS ABRIGADAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

AMANDA ANUTE VITOR FERNANDES, FABIANE SILVA AZAMBUJA, JESON ANDRE THEISEN, LUCIANA MAURIN BORGES, MIGUEL ANGEL LIELLO

Resumo


O presente trabalho consiste em um relato da experiência ocorrida no Grupo Conta Sonhos. Tal grupo acontece na instituição COPAME de Santa Cruz do Sul. A entidade destina-se a abrigar menores destituídos permanentemente ou não do poder familiar. O grupo Conta Sonhos está inserido em um projeto maior que ocorre na Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, denominado Projeto COPAME, sendo este um projeto interdisciplinar que conta com diferentes áreas do conhecimento. Dentro deste contexto, o Grupo Conta Sonhos é parte da atuação da Psicologia e está acontecendo desde o segundo semestre do ano de 2012. O objetivo do Conta Sonhos é proporcionar às crianças momentos onde possam expressar suas angústias, medos e fantasias, utilizando a criatividade e a imaginação através da contagem dos seus sonhos. Os grupos ocorrem semanalmente, tendo a duração de uma hora. Por ser a COPAME uma instituição de abrigo, onde o fluxo de entrada e saída de crianças é bastante intenso, o grupo constitui-se aproximadamente por sete crianças na faixa etária dos 3 aos 7 anos. Como aporte teórico para o grupo Conta Sonhos, utiliza-se a metodologia fenomenológica existencial da Gestalt Terapia, que trabalha com o que emerge no aqui e agora do grupo e, desta forma, objetiva proporcionar às crianças e ao grupo a possibilidade de trabalhar com a situação no momento presente do encontro, sempre respeitando o que as crianças trazem sem cortar o fluxo da imaginação e da criatividade. Acredita-se que ao trabalhar os sonhos em grupo, as crianças conseguem se expressar e trazer materiais que lhes são significativos bem como possíveis traumas inconscientes e situações ainda não elaboradas e que, na maioria das vezes, dizem respeito ao grupo em geral ou a grande parte deste. Assim, é possível a elaboração de conflitos emergentes dentro do grupo com a colaboração de todos os envolvidos. Tudo o que emerge no momento presente do encontro e as situações são compartilhadas em grupo, para que surjam resoluções coletivas para os conflitos. Nas reuniões trabalhamos com a fala por meio do relato dos sonhos e com expressões criativas através de desenhos, recortes, contação de histórias, brincadeiras diversas que tem a finalidade da expressão dos sentimentos. Foi-se percebendo, com o passar do tempo, que as crianças tornaram-se mais receptivas e espontâneas. É comum nas falas das crianças figuras de monstros, relatos da vida em família, momentos com os demais abrigados e trabalhadores da instituição, entre outros aspectos de suas vidas que no momento do encontro se tornam figuras tornando-se significativos para as crianças. Através do contato que temos com as cuidadoras das crianças, recebemos a devolução de que houve uma melhora significativa no relacionamento dentro da casa, após a inserção das mesmas no grupo. Como conclusão, acreditamos na importância que este espaço tem para as crianças como fonte de expressão de suas vontades e questões mais íntimas que não podem ser faladas em outros momentos, de modo que surgem resoluções e/ou o simples ato de verbalizar e compartilhar suas questões em si já proporciona um alívio.


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