CUIDADOR FAMILIAR: REFLEXÕES A RESPEITO DAS IMPLICAÇÕES DO CUIDAR.

ANA JULIA VOGNACH, MARCUS VINICIUS CASTRO WITCZAK

Resumo


O Serviço de Reabilitação Física de Nível Intermediário (SERFIS) da UNISC é um projeto de extensão comunitária, multiprofissional que oferece serviços de reabilitação física, em que são disponibilizados equipamentos de órteses e próteses para as mais variadas demandas. Este trabalho relaciona familiares cuidadores de pessoas dependentes fisicamente com as possíveis consequências do desgaste mental (SELIGMANN-SILVA, 2011). Cuidado significa atenção, vigilância, precaução. Autocuidado é o cuidado a si próprio. São as atitudes e comportamentos usados em benefício próprio, preservando e promovendo a saúde, melhorando inclusive, a qualidade de vida. O autocuidado representa a essência da existência humana, conforme o Guia Prático do Cuidador (BRASIL, 2008). Este exercício envolve aspectos positivos e negativos e traz impacto significativo sobre o bem-estar da pessoa que cuida. O cuidador se depara com sentimentos inesperados e desagradáveis. Pode sentir tristeza e impotência, acreditando que sua ajuda não é suficiente ou que não vai dar conta de lidar com as possíveis dificuldades. O esforço emocional é intenso e a sobrecarga do trabalho pode prejudicar a saúde do cuidador, apresentando estresse excessivo e facilitando a ocorrência de conflitos, como problemas financeiros, sentimento de desamparo desses familiares nessas situações, além da tristeza pela irreversibilidade da situação do dependente. É comum o cuidador passar por períodos de depressão, abandono do trabalho e alterações na vida conjugal. Muitas dessas pessoas que diariamente cuidam não se reconhecem como objeto de cuidados. A metodologia utilizada para esta apresentação é o construcionismo social, em que a noção de indivíduo é entendida como uma construção social, pretendendo escapar a uma perspectiva individualista (SPINK e FREZZA, 1999). A história e a estrutura de personalidade do cuidador, bem como sua condição de saúde, interferem no desempenho de cuidar e no relacionamento de ambos, ou seja, o cuidador pode ser um facilitador ou dificultador. Cuidar exige muita paciência e tempo, é uma tarefa a ser aprendida e aprimorada ao longo do tempo. A tarefa de cuidar é cansativa e exige momentos de revezamento, ou seja, é preciso ter a participação de outras pessoas para a realização do cuidado, para obter momentos de relaxamento, descanso e realização de atividades físicas ou de lazer. O mais importante é o cuidador jamais se esquecer de si mesmo, pois, para a pessoa que recebe os cuidados, é fundamental que ela saiba que a sua saúde mental e física está em boas condições para exercer o trabalho de cuidar, e consequentemente o "cuidado" sente-se mais seguro. A sobrecarga do cuidador no início é mais intensa, estabilizando-se com o aprendizado dos processos, das tarefas e com a adaptação às novas situações. Como aspectos positivos, o sentimento de recompensa pelo trabalho realizado, sua utilidade, responsabilidade e a valorização social, por exemplo, animam as pessoas e renovam a energia em cuidar dos outros: realização, gratidão, satisfação e dever cumprido ao constatarem os resultados positivos de seu trabalho. Concluindo, observa-se a extrema importância do suporte no contexto domiciliar, pois os familiares cuidadores também precisam ser cuidados, pelo fato de eles cuidarem de seu familiar dependente de ajuda constantemente. Profissionais multidisciplinares da saúde devem ajudar os cuidadores, com o objetivo de fortificá-los para obterem melhor desempenho na tarefa de cuidar.


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